Trocas macabras - Livro x Filme


AVISO: Me esforcei para não dar nenhum spoiler, mas ainda assim, algumas das informações a seguir podem ser reveladoras para quem ainda não leu o livro ou viu o filme.


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Comecei a ler "Trocas macabras" em 1º de janeiro de 2024 (e consegui terminar lá pelo dia 04 de Fevereiro). Assim que terminei o livro, fui ver o filme (de mesmo nome do livro) lançado uns anos depois e aqui está uma breve análise comparando ambos os conteúdos. 

Primeiro, vou falar das diferenças do livro X filme:

A loja de costura de Polly não existe mais, agora ela é a dona do restaurante da cidade (E Nettie trabalha com ela). Assim como Danford (Buster), que no filme é o chefe da polícia ao invés de trabalhar para a prefeitura.

Também vale citar que por questões de desenvolvimento e duração, boa parte dos personagens menores/ou com enredos muito polêmicos, foram removidos,

com exceção da rixa entre batistas e católicos e "A noite do cassino", que continua presente em ambos os conteúdos, no entanto o ataque ao padre,

através do envio de um bilhete anônimo, já acontece assim que a loja "Coisas necessárias"* abre na cidade. *No livro a loja se chama "artigos indispensáveis", mas no filme optaram por traduzir o nome da loja/livro original.

A rixa entre Wilma e Nettie permaneceu, mas o cachorro de Nettie, Ryder, não é mais pequeno e fofo, mas sim, um rotweiller grande e preto e Ao invés de um abajur 

com vidro carnival, Nettie se interessou por uma figura de porcelana. *E essas pequenas substituições acontecem com vários objetos apresentados no livro, mas a essência hipnótica permanece a mesma.

Allan conhece Gaunt logo nos primeiros 20 minutos de filme, sendo que no livro esse encontro só acontece bem no fim, quase nas últimas páginas. 

E *O filme se passa antes do lançamento de "A metade negra", por isso não há menções ao ocorrido com Thad Beaumount.

Como Nettie agora trabalha no restaurante, fazendo tortas de maçã, o garoto Ryan atira maçãs verdes ao invés de pedras nas janelas de Wilma, mas, pelo fato de serem o tipo de mação com que Nettie costuma preparar tortas, a "mensagem" fica clara para a outra mulher (que no filme, cria perus). 

Agora vou falar dos pontos em comum em ambas as obra:

Muitas das "peças" que os habitantes de Castle Rock pregam um nos outros, começando por Brian, atirando lama nos lençois de Wilma (só que no filme, 

não é qualquer lama, é lama mistura a escremento de perus, que a mulher cria). Gaunten vem de Akron (e dá a entender que fez muitos "clientes felizes" por lá). Polly ainda tem artrite. 

Mas a manifestação da dor não parece tão forte quanto no livro. Mas, o Sr. Gaunt lhe dá o pingente "egípcio" milagroso para aliviar a dor. 

Buster aposta em corridas de cavalo, e até antes de adquirir o "bilhete da sorte", perde em todas as apostas. 

Existe até um diálogo entre Buster e a esposa que é, palavra por palavra, retirado do livro. Assim como o outro dialogo de Ryan, no filme com Alan ao invés do irmão caçula, mas o final do garoto no filme é um pouco "melhor" que o do livro. 

Ace Merril (o vilão adolescente do conto "O corpo"/"Conta comigo") não aparece - porque o filme "Conta comigo" só seria feito anos depois, então a relevância dele, mesmo que em "Trocas macabras"já estivesse com mais de 40 anos, não era o suficiente para ser colocado na adaptação em filme.

Uma coisa que eu senti falta, foi aquela sensação de desconforto que todos os personagens que tocavam diretamente a mão de Gaunt sentiam, o incomodo e a perturbação. No filme este

ponto não é abordado, talvez pelo fato de que não haveria como representar, sem que a personagem exibisse uma expressão de repulsa no rosto (já que no livro, a sensação de desconforto fica apenas na mente da personagem).

Mas, pelo fato de ser um filme de 1h40 inspirado em um livro de mais de 600 páginas, dá para se dizer que mesmo com todas as mudanças e liberdades criativas tomadas, ficou uma adaptação bastante fiel, afinal todos os pontos chave (as "pegadinhas") estavam lá - e algumas foram adaptadas para ficarem ainda mais perturbadoras do que no livro (o cachorro de Nettie). 

"Trocas macabras" foi uma leitura densa e perturbadora, o número de personagens doentios e influenciados pelo Sr. Gaunt causaram um incomodo e tanto em mim. (+pode-se dizer que dadas as proporções e diferenças, "Trocas macabras" e "A Dança da morte" compartilham o mesmo "estilo" de final, em que os antagonistas escapam e vão para outro local, influenciar outras pessoas - até então - inocentes para corrompê-las e fazê-las servirem a seus propósitos nefastos. 

Já o filme, é uma representação bem fiel do romance, com claro, uma enorme exungada de enredo e elenco, para caber em 1h40 de filme e se adaptar as tecnologias oferecidas na época em que foi produzido.

E falando em época, o filme é da década de 1980 e talvez por isso todas as cenas de violência, incluindo a de Buster com o martelo, ficam implicitas, nada gráfico é mostrado, mas sim apenas ele lavandoo sangue do martelo na pia.

E é óbvio que o final quase fantástico do livro (no quesito do carro de Gaunt que se transforma em outra coisa, mais abominável e medonha) não seria possível de ser feito com qualidade na época do filme, então o personagem só parte no carro preto (que parece muito um rabecão funebre) para fora de Castle Rock. E apesar do final do filme ter sido satisfatório, eu prefiro o do livro, com aquele gancho informando que "o mal nunca desaparece, ele só se muda para outra vizinhança".



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