Carrie - Remake 2013
Ontem a noite eu sentei para assistir ao remake de 2013 do filme (inspirado pelo livro de mesmo nome) Carrie. Durante a 1h40 da película, eu fiquei analisando e remoendo alguns pontos a favor e contra esta nova adaptação e gostaria de agora compartilhá-los com vocês.
AVISO: OS PARÁGRAFOS A SEGUIR APRESENTARÃO POSSÍVEIS SPOILERS E OPINIÕES PESSOAIS SOBRE O FILME, se não deseja ler nenhuma destas duas coisas, pare por aqui.
Primeiro eu tenho de dizer que a interpretação da Julianne Moore como Margareth White quase se igualou a incorporação feita por Pipe Laurie em 1976, para mim, ambas acrescentaram algo a personagem. Enquanto que Pipe apresentou uma Margareth mais tresloucada e insana, Julianne mostrou um lado que engloba aquele amor distorcido que a personagem dispensou a filha, algo quase doentio, psicótico mesmo. Esse foi o primeiro ponto a favor deste remake, e como muitos aqui sabem, eu não sou grande fã de remakes.
Em seguida temos a Chloë Grace Moretz, como Carrie White e aqui entra um pequeno detalhe, em nenhum momento do livro Stephen King disse que Carrie era feia, ela era desajustada, um pouco desengonçada, não tinha senso de moda e a palavra que costuma complementar a versão brasileira, “estranha”, mas apesar de tudo, era sim uma garota bonita.
Quando escolheram a Chloë para interpretar a Carrie, confesso que torci um pouco o nariz, pelo fato de ela ser uma garota com traços faciais extremamente bem feitos, ao contrário, por exemplo da Sissy Spaceck, com aqueles olhões azuis apavorantes e o porte magro em excesso. Mas enfim, vendo a interpretação dela, desde a fatídica cena do chuveiro até os últimos momentos, após o balde de sangue de porco na cabeça, ela se mostrou uma atriz bem consistente e coerente, não deixando a interpretação da personagem fugir muito do seu controle. Mais um ponto a favor para este remake.
Também da inversão de cor de cabelo, Chris morena e Sue loira, pois nas duas versões apresentadas, Chris foi loira e Sue morena.
Outro detalhe que me agradou, foi o fato de que, apesar de haver acesso a tecnologia como computadores e internet, a personagem Carrie tem dificuldade de fazer busca pelos mesmos e acaba recolhendo informações através de livros. (isso me lembra que na versão Carrie 2000, mostravam a personagem acessando sites sobre telecinese e assuntos semelhantes, mas os roteiristas desta outra versão se esqueceram do detalhe de que Margareth era uma fanática religiosa e o máximo que permitia dentro de sua casa era um rádio, sintonizado sempre nas emissoras religiosas, então, como Carrie poderia trabalhar tão bem com um computador?)
Eu gostei de como a tecnologia foi inserida neste remake, ao contrário do que fizeram no remake de “A profecia”, onde abusaram dos eletrônicos, tirando todo o possível terror psicológico da falta de contato com o mundo exterior e da suspeita de que os rolos de filme estariam com defeito. Em Carrie, o filme foi trazido para os dias atuais, sem se tornar algo grotesco, foi uma adaptação sublime e bem feita, incluindo até uma menção ao cyberbullying, referente a cena do banheiro e mais tarde, novamente no baile.
Apenas mais dois tópicos sobre a Margareth White da Julianne Moore, ela, ao contrário da feita por Pipe, não sai de porta em porta pregando, mas trabalha como costureira em uma grande lavanderia, que pelo que eu entendi, também faz concerto de roupas. Ou seja, lhe deram um trabalho, o que serve para explicar de onde ela tirava o seu sustento e da filha, afinal, sair batendo de porta em porta tentando vender livretos não é o suficiente para se manter. O segundo tópico é que esta Margareth é adepta da autoflagelação e é possívelnotar tendências masoquistas nela, pois cada vez que infringe dor em si mesma, é como se alcançasse algum tipo de prazer que traz alivio.
Também achei bom colocarem um ator negro no papel de diretor, na versão 2000, Sue Sneal é interpretada por uma linda atriz negra, que infelizmente não fez muitos outros filmes.
As cenas de morte e do massacre da “noite do baile” são uma degustação a parte, pois brincam entre o grotesco e o coreagrafadamente ensaiado, assim como a cena clássica do banho de sangue, exibido de diversos ângulos antes de Carrie realmente se dê conta do que houve. E aqui cabe mais uma observação interessante, ao contrário das Carries que a precederam, a de Chloë não entra em estado de transe homicida quando vê Tommy Ross caído no chão, após ser atingido na cabeça pelo balde vazio. Sua reação começa alguns minutos antes, se intensifica depois da constatação de que o acompanhante está morto e então sua ira se volta para todos os presentes no ginásio, que até há alguns segundos riam dela e apontavam.
A crueldade com que ela aniquila cada um dos que riram dela, é algo que deve ser observado, pois apesar de algumas cenas depois, ela não se lembrar de porque todo aquele sangue, enquanto está massacrando os alunos, um sorriso sádico de satisfação surge em seu rosto, informando que, alguma parte dentro dela, estava consciente do que estava fazendo.
As ultimas seqüencias, incluindo o carro de Billy Nollan explodindo, Margareth White “crucificada” com objetos cortantes, a chuva de pedras e antes disso tudo, o momento em que vão coletar o sangue de porco para a “brincadeira de mal gosto”, todas estas cenas, se assemelharam bastante as da primeira versão, filmada em 1976 por Brian De Palma.
Muito bem, eu joguei todo o confete possível em cima deste Remake, agora vamos as pedradas. E sim, temos pelo menos uma.
Carrie tem no máximo 16 anos, descobriu seus poderes há apenas alguns meses e apesar de conseguir dominá-los e então a garota tem TODO aquele poder? Digo, levitar coisas, fechar portas, criar um incêndio, são coisas aceitáveis, levando em consideração as circunstâncias sob as quais ela estava, mas algumas seqüencias, especialmente na “noite do baile” foram um tanto quanto forçadas, me fazendo duvidar da seriedade do roteirista e do diretor.
Enfim, este remake, ao contrário de muitos outros feitos de outros filmes antigos, ganhou o meu respeito. Eu sempre me vi um pouco na Carrie, desde a época que li o livro pela primeira vez, e tal impressão se tornou mais nítida após ver a interpretada por Chloë, já que sofri bullying, como muitas outras pessoas, na época da escola. Garotos e garotas podem se identificar com o enredo de Carrie, afinal, é uma história de sofrimento, perseguição, superação e telecinese! E fica a dica, quem quiser assistir as 02 versões amplamente comentadas neste post (Carrie - 1976 / Carrie - 2013), recomendo totalmente!
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