O ódio que você semeia [2018]
Foi o terceiro filme que eu vi agora em 2019, mas é o primeiro do qual eu faço uma review.
O filme gira em torno de uma família de classe média negra, cuja filha vê o melhor amigo ser assassinado por um policial que "pensou" ter visto o garoto pegar uma arma (na verdade, era uma escova de cabelo) e dai, inicia-se não apenas o debate sobre como a polícia americana vê cada pessoa negra como uma "ameaça em potencial" como também ilustra a forma como pessoas brancas veem pessoas negras.
O garoto era um "marginal", mas a protagonista do filme, Starr, é "uma boa menina".
O filme aborda muito essa questão dos estereótipos raciais (mais especificamente dos afro-americanos) divulgados a exaustão pela mídia, em paralelo com a apresentação do cotidiano e das poucas oportunidades que os jovens negros tem na sociedade moderna, mostrando que muitas vezes quando eles acabam se envolvendo com a venda de drogas, é por falta de uma melhor oportunidade (o garoto assassinato trafica para ajudar a pagar o tratamento de câncer da avó - porque lembre-se, lá não existe SUS, ou você tem um plano de saúde caríssimo ou você morre na porta do hospital).
O filme, que é adaptado de um livro de mesmo nome, é a representação da violência policial contra a população negra que muitas pessoas deveriam assistir, além de tocar em vários pontos importantes de ser um adolescente negro e também de ser uma testemunha de um crime cometido pela polícia.
O filme tem quase duas horas de duração e não é fácil de assistir, é preciso paciência e estômago, especialmente por todas as cenas de racismo aberto e velado e agressões que os personagens sofrem.
(in)felizmente, o final é bem "e viveram felizes para sempre" o que a gente sabe que, na realidade não acontece, mas, serve pra dar aquele gás de esperança pelo menos para os personagens do filme.
Um ponto muito importante a se ressaltar, é que o filme não apresenta [ainda bem] a figura do salvador branco, que é um personagem caucasiano [homem ou mulher] que surge em determinado ponto do filme para "salvar" os personagens afrodescendentes.
Nope, aqui os próprios membros da família da personagem principal são os responsáveis por se salvarem e tomarem as decisões importantes.
Junto de "infiltrado na Klan" este filme aqui e "Corra!" (que eu tenho a sensação que foi lançado há um milênio - comecinho de 2018) foram as três surpresas mais incríveis de representatividade negra do ano passado.
Recomendo muito a todos.
Ps.: se você se interessou pelo filme, aqui vai uma informação meio chata, eu só achei ele com legendas chinesas embutidas em uma péssima qualidade de video [legenda em PT-BR separadas] Mas ainda assim dá pra assistir.

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