Suspiria [2018]



O original de 1977 é de Dario Argento, mestre do gore italiano e é o primeiro da trilogia "As três mães". Suspiria se passa em uma companhia de ballet na Alemanha e nos apresenta a jovem Susie Bennet que vem da América até lá para estudar ballet clássico (isso na versão de 77). O filme original tem 1h30 de duração e assim, o final é meio... confuso, com a Susie fugindo da companhia depois de ter matado a bruxa-mor. (Porque suspiria fala de um clã de bruxas distribuídas por pelo menos três grandes nações - Itália, Alemanha e Estados Unidos). Agora vamos falar do de 2018, esteticamente o filme é incrível, as coreografias de dança contemporânea são hipnotizantes, os figurinos inspirados na prática do bondage com cordas vermelhas - na qual, se olharmos bem, podemos notar um pentagrama invertido, são outro detalhe a parte. A atuação de Tilda Swintson tanto como Madame Blanc, a professora de ballet quanto como o psiquiatra idoso são outro ponto a se observar com atenção. Isso sem falar na gritante tensão sexual entre a personagem Blanc e a personagem de Dakota Johnson, Susie. A forma como a tal coreografia é na verdade um feitiço corporal que ataca, tortura e mata bailarinas da companhia que tentam sair do clã é outro detalhe maravilhoso, a cena da sala de espelhos foi a coisa mais fascinante que eu já vi. Mas nos últimos 10 minutos de filme, o gore show rola solto. É sangue pra todo lado, tanto que eu até achei que ia vazar pelo monitor do PC. E foi aqui que Luca Guadagnino pareceu querer fazer uma homenagem aberta ao Argento, pois até então o filme vinha seguindo uma linha limpa, quase sem sangue. O mais interessante é o plot twist no roteiro que transforma Susie de vítima em outra coisa bem mais complexa. Agora some isso tudo a detalhes históricos como o muro de Berlim, Alemanha Oriental e Ocidental, ecos de campos de concentração e seus sobreviventes, cultura Amish e a maternidade no seu significado mais visceral, aquela que dá a vida e você tem Suspiria. Eu tenho muito carinho pela versão de 77, mas tenho de admitir aqui que gostei bastante dessa aqui, só senti falta da música tema do Goblin. Agora torço para que o Guadagnino dirija os outros dois filmes da trilogia, "Inferno" e "A mãe das lágrimas" - não custa sonhar, né? he he. Se você tem paciência, eu disse MUITA paciência, vá assistir Suspiria. O filme é na vibe de "Mandy" com um dedinho em "Mãe!".

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