Frontier(s) [2007]
Anteontem eu revi "A fronteira" pela segunda vez (e talvez reveja novamente em Outubro pro desafio 31 dias de Halloween).
Aviso, esta review pode conter spoilers
O fato é que o filme do movimento New French Extremity tem muito mais carne nos ossos do roteiro do que um certo filme americano ai que costuma ser erroneamente comparado a ele (cof cof, o albergue).
Em "O albergue" 3 caras idiotas vão atrás da promessa de sexo fácil e viram brinquedinho pra sádicos. Em "A fronteira", um grupo de amigos rouba um banco para que a ex-namorada de um deles possa fazer um aborto, mas as coisas dão errado quando dois deles se hospedam em uma pousada comandada por Nazis canibais.
A crítica a xenofobia na França, aos protestos que aconteceram nos anos de 2007-2008, ao peso da maternidade e do papel da mulher segundo a família de canibais doentios, além do infiltramento disfarçado do movimento fascista alemão no país, tudo isso está lá, salpicado com muito sangue, gore, tripas e descepamentos.
+A personagem protagonista, Yasmin, de descendência muçulmana (ai do cartaz) sofre o inimaginável (e não, nada disso é de cunho sexual - "apenas" tortura física) que faz a gente torcer não só pra ela sair viva daquele inferno na terra, mas também pra acabar com todos os FDPs que estão na casa.
O filme tem 2 cartazes, este aqui é o menos divulgado, o mais conhecido é de uma garota vestida de branco, suja de sangue da cabeça aos pés (e apesar de não se poder notar, a personagem está grávida), a moça deste segundo poster é uma das "esposas" da tal família. Ela que já teve 3 filhos com deformações físicas e problemas mentais, está esperando a quarta criança e quando a gente fica a par do passado da personagem, é impossível não sentir pena dela.
A garota sofreu uma verdadeira lavagem cerebral no melhor estilo síndrome de Estolcomo. Ela foi vendida pelos pais para a tal família, mas a promessa é que eles, os pais dela, viriam buscá-la no futuro se "ela fosse boazinha e fizesse tudo o que lhe mandassem".
Eu odeio o gênero "torture porn" americano que é literalmente tortura pela tortura, sem qualquer crítica social, qualquer pano de fundo, apenas conteúdo pornográfico para sádicos idiotas. Já o New french extremity, do qual eu já vi vários filmes, sempre faz questão de colocar um elemento social/comportamental na narrativa.
Enfim, "A fronteira" não é um filme para quem tem estômago fraco, apesar de (ainda bem) não ter qualquer cena de abuso sexual, a violência física pela qual as personagens são submetidas é o suficiente para causar incomodo a qualquer um com um mínimo de humanidade na cabeça.
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