A Piada Mortal

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Eu sempre fui fã do Coringa, desde a animação clássica até a versão do Jack Nicholson. Gosto do personagem, ele é o meu vilão favorito de Batman. Insensível, psicopata, cruel e ainda assim carismático e divertido. E como fã, claro que eu tenho na estante a edição de luxo de “A Piada Mortal”, a graphic novel de Alan Moore (V de Vingança e Watchman). Agora, imagine minha felicidade ao ouvir ano passado que o livro seria adaptado para uma animação e na época disseram que ela seria R-Rated (classificada para adultos). Eu quase explodi de felicidade!
AVISO: ESTA REVIEW PODE CONTER SPOILERS

Pois bem, esta semana eu consegui a animação graças a um torrent+legendas e bom, preciso dizer que desenvolvi sentimentos conflitantes sobre o que eu vi na 1h16 de animação gostei de alguns pontos, mas detestei outros.
Mas antes de eu dar minha opinião, vamos a uma rápida sinopse para quem não está a par da história base. “A piada mortal” fala sobre a fuga mais recente do Coringa de sua prisão, o Asilo Arkham. E ao mesmo tempo em que acompanhamos seus novos planos de vingança contra o Homem-Morcego, são apresentados flashbacks do passado do Coringa, antes de ele se tornar o que é agora. Quando ele ainda era apenas um jovem comediante desempregado com uma esposa grávida e aluguel atrasado.
Mas desta vez ele não está para brincadeira. Após fugir, vai ao apartamento do comissário Gordon, no qual naquele momento o homem está com a filha, Barbara (a atual Batgirl) e comete um ato de dupla crueldade. Atira na moça, bem na altura do ventre, acertando vértebras cruciais da coluna dela e rapta o comissário. Mas antes de ir embora, despe a moça e fotografa-a. nua, indefesa, coberta de sangue e ferida. A partir daqui temos a perseguição de Batman ao vilão enlouquecido. Ao mesmo tempo em que vamos descobrindo mais e mais sobre o “nascimento do Coringa”.
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Agora as críticas negativas. Por onde eu começo? Que tal pelos primeiros 30 minutos inúteis que poderiam ter sido facilmente cortados fora e que não fazem parte do material original? Eu confesso que quando comecei a assistir a animação, após os dez primeiros minutos, levantei e fui conferir a graphic novel, porque não me lembrava daquelas cenas… Porque elas não existem no original. E praticamente assisti a animação com o livro aberto na minha frente. 
Depois preciso apontar os erros crassos de animação. Especialmente os que remetem as primeiras aparições do rosto do Coringa na animação. Lá pela 1h00 de filme eles começam a querer acertar o traço, mas até chegar este momento, o personagem parece um esboço ruim e mal feito, as únicas imagens dele que eu realmente gostei, foram: a que ele aparece meio nas sombras, quando a Barbara abre a porta do apartamento e logo depois que ele sai da água de resíduos tóxicos da fábrica de baralhos. Ali sim eu vi o Coringa descrito pelo Moore. A impressão que eu tive é que a Warner Bros. estava com orçamento abaixo do necessário quando produziu essa animação. 
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Em seguida tem as vozes da dublagem americana. Céus, eles poderiam ter arrumado uns dubladores menos travados! Especialmente o do Batman. Parecia que eu estava ouvindo um robô ao invés de um personagem que pelo pouco que eu me lembro, sempre teve uma voz decidida e profunda. O único personagem que não pareceu mecânico foi o Coringa. A dublagem dele sim, foi consistente durante toda a animação. 
Também houve algumas pequenas modificações em personagens secundários, como por exemplo, as gêmeas siamesas unidas pelos quadris que ajudam o Coringa (na novel) se tornaram gêmeas de duas cabeças com um corpo. A cena em que Batman invade o parque com o Batmóvel e atropela os demais comparsas do vilão, foi substituída por um ataque direto deles – todos pessoas de circo – contra o homem-morcego.
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São detalhes sutis que dá para relevar, pois não interferem em nada no desenvolvimento da história. Inclusive, algumas páginas tiveram as cenas invertidas ou realocadas para antes ou depois. Apenas uma cena da graphic novel foi removida, que seria o pequeno monólogo do Coringa divagando sobre “O homem comum”. E de todas essas modificações, eu só senti falta da seguinte frase dita pelo Coringa: “Eu atirei em uma garota indefesa e aterrorizei um velho”, pois isso demonstra arrependimento. Mas o da animação não disse isso.
Tirando estes detalhes, foi uma boa adaptação. Eles até colocaram o pequeno numero musical do Coringa, que aparece na famigerada cena do trem fantasma. A história inteira está lá, mas eu acredito que poderia ter sido feita em 48-50 minutos de duração, de forma mais limpa. Só que é claro que isso resultaria em um especial de TV, nunca num filme para ser exibido na tela grande. E ai está o erro! Para que a animação tivesse duração suficiente para ir para o cinema, o estúdio enfiou essa meia hora inútil.
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Como eu disse, vi a animação enquanto acompanhava as páginas da graphic novel e preciso afirmar que é uma adaptação 80% fiel ao original. Gostei do que eu vi, no quesito adaptação de material, foi bastante consistente, se você descontar os primeiros 30 minutos iniciais. Recomendo aos fãs da novel e do Batman e claro, do Coringa, mas adianto que o traço e a dublagem, como eu disse acima deixa um bocado a desejar. Mas está tudo lá, todas as falas e cenas cruciais, com um bônus especial após os créditos finais.
“Só é preciso um dia ruim, para reduzir o mais são dos homens a um lunático.”

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