Caça-fantasmas (2016)
Vamos aos fatos, eu sou uma criança dos anos 80 e como tal, eu cresci vendo “Os caça-fantasmas”, desde os filmes até as séries animadas (e ainda sonho com um dia que eles vão adaptar the extreme ghostbusters pra telona), então eu tinha aquela lembrança nostálgica e o medo de que ela fosse feita em pedacinhos com esse reboot. Pois este filme é um reboot, uma readaptação de material existente, com inserção de informações novas, diferente de um remake.
Quando fiquei sabendo das primeiras informações desse filme, isso foi lá em 2014, com o vazamento das primeiras imagens oficiais do elenco, eu torci o nariz e muito. Mas vamos adiantar algumas coisas aqui. Não foi pelo fator comum de todos os fanboys da versão de 84, “ah, nada haver colocarem mulheres pra fazerem caça-fantasmas”. Não foi isso. Foi pelo fato de que eu abomino remakes e reboots, e o receio crescente de que um dos filmes favoritos da minha infância fosse mal adaptado. Pois muito bem, estou aqui para “pagar a minha língua”.
O vídeo que eu consegui para assistir e fazer esta review tem uma qualidade muito ruim, é áudio de cinema, a imagem está borrada e tremida e as vezes eu precisava apertar os olhos pra entender o que estava acontecendo, por isso não vou poder comentar muito sobre a qualidade dos efeitos especiais, mas, deu pra tirar uma boa opinião do filme e isso é o que importa.
A história começa com um guia de turismo levando um grupo de pessoas em um passeio por uma mansão que, segundo a lenda, é assombrada. A cena de abertura termina com o rapaz sendo engolido por algo gosmento que estava no porão da casa. A câmera então corta para a professora universitária Erin, que está há alguns passos de finalmente conseguir cadeira cativa, mas vê que tudo isso pode ir abaixo se alguém descobrir sobre um livro de fenômenos sobrenaturais que ela escreve há muitos anos com sua antiga amiga Abby, o qual está agora disponível para compra online.
O filme é bastante dinâmico e após os primeiros 15 minutos, já temos três das quatro caça-fantasmas investigando a mansão mal assombrada do começo. Ainda, claro, sem os trajes, armas de próton e toda a parafernália da qual a gente se lembra. Exatamente, como no original.
A partir daqui a vida das três começa a rolar morro abaixo. Um vídeo das três comemorando o primeiro contato ectoplásmico vai parar no youtube e Erin é demitida. Em seguida o reitor da universidade em que Abby e Jillian trabalham corta a verba do departamento. Enquanto isso nós conhecemos a quarta caça-fantasmas, Patty, que trabalha no guichê de informações do metrô. Ela então tem o seu primeiro contato com um fantasma de pura energia elétrica que está danificando a fiação do metrô e claro, como qualquer pessoa desarmada e em sã consciência, ela foge.
Ao invés do prédio do corpo de bombeiros, elas acabam alugando um cômodo em cima de um restaurante chinês. “queríamos um lugar para explorar o sobrenatural e não para sermos exploradas”, diz Erin a corretora. E o filme é cheio de trocadilhos inteligentes, os quais se você conhece o mínimo de cultura pop e acontecimentos atuais, vão te trazer muitas risadas.
Uma pequena observação sobre o personagem Kevin comparado com a personagem Janine (da franquia original), ele é extremamente… Desculpem a palavra, burro. Eu me lembro da Janine, ela não só atendia ao telefone e anotava recados, mas também tinha uns bons insights além de um incrível humor ácido e sabia exatamente o que fazer. Foi só disso que eu senti falta no Kevin, uma personalidade um pouco menos passiva e pateta. Mas, já me disseram que ele foi colocado lá pra ser um “colírio”, mas pelo que eu me lembro o “colírio” de caça-fantasmas 01 não era a Janine e sim a personagem da Sigouney River.
Em seguida acontece todo o processo de adaptação das armas de próton, pintura do carro, desenvolvimento do uniforme e todos esses detalhes pequenos enquanto mais e mais fantasmas vão aparecendo. O vilão é patético, em parte como o porteiro de “Os caça-fantasmas 02” e o filme apresenta uma série de sequências divertidas e inteligentes.
Para aqueles que acham que filme de caça-fantasmas sem o Geléia não é um filme dos caça-fantasmas, não se preocupe. A bola de meleca verde aparece lá pelos 50 minutos do filme. Mas diferente do primeiro filme, ele não está atacando um carrinho de sobremesas do hotel. E para minha felicidade, não houve Stay Puff, o homem de marshmallow. Afinal, aquele personagem era único da primeira versão.
Enfim, gostei bastante do que eu vi na 1h40 de filme, só não posso comentar sobre os efeitos especiais por conta da péssima qualidade do vídeo-base que eu consegui para assistir. E esta review, como eu disse no começo, foi toda para pagar a minha língua grande de purista que não gosta de reboots. Este aqui deu certo (o que não quer dizer que eu vou me tornar fã de reboots por tabela) e eu recomendo para todos os fãs da franquia. Mais um material inspirado em caça-fantasmas para colocar na prateleira.
Não me aprofundei no tópico pró-representatividade feminina porque bom, existem criticas positivas focando nesse assunto aos baldes na internet. Eu quis me focar no filme como um todo, especialmente na parte do enredo. Apesar de no trailer ter dado a entender que seria exatamente o mesmo roteiro do original, apenas com uma troca de gênero das personagens, pude comprovar que não foi isso que aconteceu e fiquei feliz. Sou a favor e apoio a representatividade feminina no cinema, só estava com a impressão errada de que havia “trocado sei por meia dúzia”, impressão esta que agora após assistir ao filme, eu posso afirmar que foi totalmente errada.
Curiosidades:
A piadinha com o nome do cachorro do Kevin, “Macaco” é uma referencia indireta ao desenho “Os caça-fantasmas” genérico, que era composto por dois personagens masculinos e um gorila que vestia roupas.
O reitor da universidade da Erin é interpretado pelo ator que fez o Twyn Lannister em Game of Thrones
Ozzy Osborne faz uma pequena participação no filme, como ele mesmo.
O ator que interpreta o tio da Patty é o mesmo que interpretou o Winston, o caça-fantasma afro-americano da primeira versão.
O Kevin foi interpretado pelo ator que fez Thor.
O roteirista da primeira versão do filme, Dan Aykroid, participou do filme como produtor executivo.
Apesar de o estúdio ter feito o diretor se calar, ele afirma com propriedade que a personagem Jillian é lésbica.
Who you gonna call?
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