XX

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Eu já assisti várias antologias de terror, que costumam ser filmes de 1h30 com quatro à seis histórias curtas, inclusive, fiz review de um deles aqui no meu tumblr, mas não foi uma review muito positiva. Felizmente, esta aqui será, eu já adianto.
Sinceramente, não consigo me lembrar de como cheguei a este filme, acho que vi o cartaz em algum lugar, achei a arte interessante (porque é assim que eu escolho boa parte dos filmes que vou ver, não é pela sinopse e nem pelo elenco, mas sim pela arte do cartaz). E quando eu fui baixá-lo e em fim li a sinopse, me encantei com a proposta. Quatro histórias curtas de terror escritas, dirigidas e protagonizadas por personagens femininas +pequenas sequências de stop motion entre uma história e outra. Com isso, o filme me ganhou completamente.

Pois bem, vamos às histórias.
A primeira história se chama “A Caixa” e apresenta uma mãe com dois filhos que estão voltando para casa de metrô. Há um homem sentado perto deles com uma grande caixa embrulhada em papel laminado vermelho. O garoto pergunta o que tem ali dentro e o homem diz “um presente”, o garoto pede para ver e ao ser apresentado ao conteúdo da caixa, sua fisionomia muda – mas nós não ficamos sabendo o que ele viu.
Quando chegam em casa o garoto diz que está sem fome e não quer jantar. Os pais não estranham, afinal ele, a mãe e a irmã passaram o dia fora. Mas o comportamento se repete por mais três dias, agora os pais estão começando a ficar preocupados. O menino está emagrecendo. Fica subentendido que o garoto conta para a irmã o que ele viu dentro da caixa e então, ela também para de comer.

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É um terror sutil que nos joga peças desparceiradas do quebra-cabeça para irmos montando junto com a protagonista, a mãe e existe pelo menos uma cena simbólica bastante interessante, se você se atentar para a situação como um todo. O final do conto, claro, é bastante perturbador.
A segunda história se chama “A festa de aniversário” e é um misto de humor negro e suspense. É o dia do aniversário da filha da protagonista, que tem TOC de organização e está correndo pela casa para que tudo esteja perfeito até que… Ela descobre que o marido está morto no escritório. Segue-se então o desespero da mãe tentando esconder o cadáver para que a filha, que ainda é criança, não veja e ao mesmo tempo levar a festa em frente, como se nada tivesse acontecido. O final pode ser considerado como um humor mórbido e bastante cruel.
A terceira história se chama “Não caia” e apresenta quatro pessoas que foram acampar em um lugar deserto, mas quando uma das moças acaba tocando sem querer em uma estranha pintura rupestre tudo se torna um grande pesadelo.

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A última história se chama “O único filho vivo dela” e começa com uma moça prometendo desaparecer, fugir com seus dois filhos para sempre. Passam-se 18 anos e vemos que um dos filhos cresceu e está celebrando a maioridade. Infelizmente, o rapaz não é uma boa pessoa, na verdade é um psicopata sádico em desenvolvimento, responsável por pregar esquilos nas árvores e arrancar com alicate todas as unhas das mãos de uma colega de classe da escola. O mais curioso é que a diretora da escola não dá o menor sinal de que pretende puni-lo pela atrocidade cometida.  
Com o desenrolar da história vemos o passado da mãe em flashbacks e ao mesmo tempo, no presente, como ela é cúmplice conivente das atrocidades do filho, tentando ocultar os rastros deixados pelo rapaz. E então fica explicado de onde vem toda essa crueldade, a coisa toda começou na concepção do rapaz. O outro filho não é mais mencionado. A história tem um desfecho interessante, mas, das quatro, é a minha menos preferida.

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 Sobre a antologia em si, cada história foi dirigida e roteirizada por uma diretora diferente, mas as quatro carregam aquela sutileza do terror nas entrelinhas, no que poderia ser, nas possibilidades e detalhes. Apesar de algumas cenas bastante gráficas, no geral o filme trabalha com as possibilidades e o imaginário do telespectador. O título, “XX” é uma referência direta ao cromossomo biológico feminino e também pode ser uma menção a veneno.
Em 1h20 de filme somos apresentados a quatro situações distintas, três das quais mães são as protagonistas, pontuadas por graus diferenciados de terror, cobrindo conteúdo para fãs do gênero em todos os gostos. Recomendo totalmente para quem, assim como eu, está procurando um material de terror fora do padrão hollywoodiano de sangue & tripas e nenhum roteiro.  
“O que tem na caixa?”

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