Mandy
AVISO: Esta review terá alguns spoilers.
Mandy é o mais novo filme protagonizado por Nicolas Cage e como outros filmes que não foram produzidos visando o grande publico, dividiu opiniões. Enquanto alguns acham que o filme é a maior obra prima do ano, outros o acharam cansativo e arrastado.Eu estou num meio termo entre ambas as opiniões.
Porque veja bem, o filme tem 2 horas de duração e durante a primeira hora, não acontece quase nada impactante, talvez, exceto, pelo assassinato da Mandy, queimada viva por um grupo de fanáticos de uma seita religiosa doentia. Mas, por causa da falta de toda aquela agitação frenética costumeira dos filmes hollywoodianos, o consumidor padrão pode achar o filme chato e abandonar antes de chegar na segunda hora.
Notei que a ideia do diretor era criar um verdadeiro teste de paciência para ver até onde você, espectador, aguentaria ir para saber como o filme terminaria. (e terminou de uma forma bastante absurda e inexplicada, eu adianto). Mas, passando a barreira da primeira hora, o filme finalmente engrena e o banho de sangue e desfile de gore começa e não para mais.
O filme conta a história de um casal, em plenos anos 80, que vivem em uma cabana afastada da cidade, felizes e sem preocupações, até que uma seita fanática religiosa aparece. O líder dela, um homem desprezível chamado Jeremias, viu a moça (Mandy) em um “sonho premonitório” e decide que ela deve morrer. A partir daqui, a coisa só piora.
Em certos momentos eu vi uma referência direta aos video-games antigos, em que ao subir de fase, o personagem dava um upgrade no seu armamento, então, vemos o personagem do Nicolas Cage, que começa com uma besta e uma espada forjada por ele mesmo, trocando alguns dos objetos, a besta por uma faca, a faca por uma motosserra, o carro por uma motocicleta e por ai vai. Tudo isso em sua cruzada homicida para vingar o assassinato de Mandy.
O filme usa muito vermelho-sangue e verde-fosforescente na paleta de cores, remetendo diretamente a filmes do diretor Dario Argento e a granulação do video, como se fosse uma VHS antiga, faz jus a época em que a história se passa. Anos 80.
Há também referencias indiretas ao culto de Charles Manson, uso de LSD e a família canibal de “O massacre da Serra Elétrica” e aos Cenobitas de “Hellraiser”, tudo isso, claro, de forma subentendida que apenas o espectador mais atento poderá notar.
Pelo menos neste filme, a explicação/origem/história de fundo da seita não foi esquecida, um personagem conta a Cage sobre eles, que são uma seita assassina formada por pessoas que se comportam como cães raivosos.
Muitos diálogos do filme são totalmente incompreensíveis, a grande maioria deles parece um amontoado de metáforas e simbologias secretas, que talvez nem mesmo os personagens do filme possam compreender.
Enfim, não vou me aprofundar na interpretação simbólica do filme, vou me focar apenas no que eu vi. E eu vi várias formas únicas e bizarras de assassinato, uma viajem de ácido em menos de dois segundos e uma grande homenagem a um monte de filmes de famílias psicopatas itinerantes dos anos 70 e 80.
Mas repito aqui, não recomendo “Mandy” para as plateias que estão acostumadas a consumir conteúdo Estadunidense pré-mastigado a lá franquias intermináveis como “Jogos mortais” e “Invocação do mal”. Este aqui é um filme para se digerir aos poucos, se observar os detalhes e o mais importante, testar sua paciência e força de vontade de ver como vai terminar.
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