A Colina Escarlate

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Eu sempre tive uma relação de amor e ódio com os filmes do Guillermo Del Toro. Adoro Hellboy, mas tenho receio até hoje de rever O Labirinto do Fauno (talvez porque sai chorando que nem criança da sala de cinema quando assisti pela primeira vez). Enfim, A colina escarlate foi um filme dele que saiu em 2015 e que eu estive protelando para assistir, em parte por causa de uma das atrizes e em parte por ser do Del Toro. 
Antes de tudo eu preciso informar a vocês que a atriz que interpreta a protagonista é a mesma quem fez a terrível adaptação de Alice no País das Maravilhas dirigido por Tim Burton, Mia Wasikoswska, eu não gosto dela como atriz. Eu a acho muito inexpressiva e apática. Por que estou informando isso? Para que possam compreender o tom que eu abordarei ao me referir a ela durante esta review.
A história começa com a lembrança do falecimento da mãe da protagonista, seguida pela volta de seu fantasma para alertar a filha para que tenha cuidado com a Colina Escarlate. Então se passa 14 anos, estamos em Buffalo, Nova York. A criança, agora uma mulher, que descobrimos se chamar Edith está tentando publicar um manuscrito, mas recebe diversas recusas, pelo fato de seu trabalho não condizer com seu gênero. Esperava-se naquela época que mulheres escrevessem apenas romances românticos, quando Edith esta tentando publicar uma história com fantasmas no enredo.
Entra em cena o Senhor Thomas Sharpe, interpretado por Tom Hiddleston e após demonstrar interesse no texto escrito pela moça, fica fácil deduzir que eles terão algum tipo de envolvimento romântico. O que em minha opinião, chega a ser irritantemente clichê, mas okay.  Thomas tem uma irmã, Lucille, que durante o desenrolar do filme demonstra ser muito ciumenta e possessiva, entre outras coisas.
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Conforme o filme vai se desenrolado eu comecei a ver em Edith um Deja vu de Alice, uma garota com “ideias a frente do seu tempo e que não encaixa no perfil comportamental esperado pela sociedade” em outras palavras, uma personagem rasa.
O personagem de Hiddleston por outro lado se mostra um homem falido que na verdade vê em um casamento com Edith uma chance de recuperar sua fortuna. Ameaçado de ser exposto pelo pai da moça, ele aceita uma chantagem. Fazer com que Edith deixe de ter interesse nele e então, partir para a cidade de Nova York, com um valor considerável no bolso, dado pelo pai da moça.
Existe uma sequência em que formigas se alimentam de borboletas no jardim ficou tão falsa e mecânica que não é preciso ser um perito para perceber que foi totalmente feita no computador. A propósito, o filme abusa dos efeitos computadorizados à exaustão, chegando a ser cansativo. O que Del Toro se deu ao trabalho de fazer uma maquiagem perfeita nas criaturas de O Labirinto do Fauno, ele pecou em dobro abusando dos efeitos especiais computadorizados neste filme. Efeitos estes que, infelizmente, não me causaram nem um pouco de medo.
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A partir dos 30 minutos de filme, a história parece querer mudar de um romance antigo para uma história de assassinato, o que passa bem longe do prometido pela sinopse (uma história de fantasmas). O pai de Edith é brutalmente assassinato e então… As coisas mudam… De novo. A garota recebe uma carta de Sharpe, contando sobre a chantagem que sofreu para que terminasse com ela. Edith ainda não sabe da morte do pai.
Com a morte do pai, Edith se casa com Sharpe e eles se mudam para Allerdale Hall, que fica em Cumberland – Inglaterra. A casa está caindo aos pedaços e conforme se passam os dias Edith é atormentada pela visão de uma criatura ensangüentada e descarnada. Um fantasma. Ao mesmo tempo em que os segredos que envolvem Thomas começam a flutuar para a superfície como cadáveres em um pântano.
O filme trabalha com fechamentos de cena como as produções antigas, você sabe não é? Aqueles circulos negros que se fechavam sobre a imagem. E ao mesmo tempo em que tal fechamento dá certo charme, ele começa a se tornar irritante depois de quase duas horas de filme. Também preciso ressaltar que o figurino, os cenários e ambientação são incríveis, detalhados e cuidadosos,
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O resto do longa-metragem se arrasta de forma cansativa e a narrativa me fez pensar mais em romances trágicos do que em filmes sobre fantasmas e por fim, nos últimos 20 minutos ele perde todo o sentido, culminando em uma perseguição de facas entre Edith e Lucille, irmã de Thomas. A atmosfera sombria e etérea que Del Toro tentou transmitir durante quase 1h40 de filme é desmontada como um castelo de cartas a partir desta sequência que é de uma selvageria cruel.
Enfim, se a promessa era um filme sobre espíritos assassinados querendo redenção ou talvez vingança, contrabalanceado por uma história de amor que deu errado, a película não entregou o que prometeu. A história é confusa, arrastada, cansativa e não me prendeu nenhum pouco.
E complemento com a seguinte frase. Se você pensou que este filme era sobre espíritos vingativos, uma trama complexa com uma personagem atormentada por fantasmas rancorosos, eu sinto informar, mas este filme não é para você. Na verdade, não é para ninguém! São duas horas de incoerência e inconsistência de roteiro. Del Toro realmente perdeu a mão produzindo esse longa-metragem.
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A impressão que eu tive foi que em certo momento ele não tinha mais domínio do roteiro e apenas começou a jogar situações absurdas na tela. E pior, pensar que quando sairam as primeiras imagens desse filme, me disseram que era um musical. Isso sim seria meu pior pesadelo se tornando realidade. Um musical de terror. Bom, não teve musica, mas continuou ruim.
“Fique longe da Colina Escarlate”
Esta review foi um pedido da Verônica Mayol.

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