Precisamos falar sobre o Kevin

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Eu já vi muitos filmes sobre psicopatas e estou pensando até mesmo em no futuro fazer uma semana de reviews só sobre esses filmes. E na minha lista de filmes para assistir estava “Precisamos falar sobre o Kevin” que é estrelado por nomes de peso como Tilda Swinton e Erza Miller. Como eu não tinha nada melhor pra fazer nesta Sexta-feira (Santa), resolvi assistir ao filme. 

Então, eu preciso avisar antes que você se interesse pelo filme, que ele não é linear como Copycat, Hannibal ou Seven. O filme vai e volta no passado e presente, me lembrando um pouco a abordagem de narrativa de Femme Fatale do Brian DePalma (lembre-se que estou falando de narrativa, não de enredo). 
A história é apresentada do ponto de vista da mãe, Eva (Tilda Swinton), que relembra em flashes intercalados com os dias atuais, suas experiências como mãe de uma criança como Kevin. No começo ela acredita que ele tem algum problema físico ou até mental, por conta do fato de não interagir ou responder a ela. Mas vai ficando claro que a “implicância” dele é apenas com ela.
Com o passar do tempo podemos ver que com Eva, Kevin é uma criança má e cruel, sendo uma espécie de Norman Bates ao contrário (já que Bates idolatrava tanto a mãe a ponto de desenvolvê-la como segunda personalidade). 
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Ao mesmo tempo podemos ver que o pai é conivente. Ele não acredita quando Eva diz que o garoto não gosta dela ou que tenta (inicialmente) magoá-la. E podemos ver o desenvolvimento de uma personalidade psicopata nociva em uma criança de… 5 anos? Talvez até menos. 
Vale citar também que o garoto tem uma mudança de comportamento da água para o vinho quando o pai chega em casa? Com a mãe ele é carrancudo e mal educado e com o pai, só sorrisos. Por que? Porque o pai não tenta lhe impor regras de comportamento e nem proibi-lo de fazer coisas consideradas erradas.  
Eu já vi isso acontecer na vida real com uma vizinha. A garota ofendia a mãe o dia inteiro e quando o pai estava para chegar em casa, a menina do nada começava a chorar, causando discussão entre o casal. Isso é uma atitude psicopata. Lembrando que pessoas com esse tipo de comportamento não tem sentimentos ou empatia pelos outros. Algo que fica muito claro conforme Kevin vai crescendo durante o filme. 
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Fica claro que ele gosta de testar não apena a paciência da mãe mas também a força e o poder de dominação materno, em provocações que não tem nada de infantis. Mas após o “acidente” que resultou em um braço quebrado, Kevin demonstra traços gritantes de dissimulação, inventando uma mentira para o pai, com o intuito de “proteger” a mãe. Mas, como um pequeno psicopata, nenhum passo é dado sem prever os próximos. 
A fala agressiva e prepotente de Kevin me fez pensar em um tipo menos polido de psicopata, um que não consegue se misturar na sociedade e fingir ser um deles.
Passa-se algum tempo, Eva tem outro bebê. Uma menina. Kevin cresce e continua torturando psicologicamente tanto a mãe quanto a irmãzinha. Até esta idade Eva não percebeu que o comportamento do filho eram sinais gritantes de um psicopata em processo de gestação. Conforme ele vai entrando na adolescência, se torna cada vez mais amoral e insensível. 
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Como todo psicopata, Kevin começa dando um sumiço no hamster de estimação da irmãzinha. Aliás isso é um comportamento padrão de psicopatas violentos. Eles começam a matar animais pequenos. 
Kevin é o perfil do psicopata bem criado. Teve coisas boas, ninguém o tornou alvo de bullying na escola. Ele faz coisas ruins apenas porque gosta. Porque se sente bem. 
Enfim, o título do filme representa todas as tentativas de Eva para discutir o comportamento nocivo do menino com o marido, sendo ignorada todas as vezes. Enquanto que o que Kevin fez e que por consequência, tornou a vida de Eva um inferno é apresentado em pilulas curtas diluídas durante o tempo atual. 
Vale ressaltar que este foi um dos poucos filmes em que o titulo original foi mantido na tradução brasileira. 
Ela é estapeada por uma mulher, tem todos os ovos da caixa furados por outra no supermercado, sua casa e carro são cobertos com o que eu acredito ser tinta vermelha, além das constantes perseguições de vários moradores da cidade. E eu fiquei me perguntando, “Os pais devem pagar pelos crimes dos filhos?” 
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Se você espera ver tripas, sangue e esquartejamento, este filme não é para você! “Precisamos falar sobre Kevin” aposta no terror psicológico, na teoria da sugestão e especialmente nos sinais deixados nas entrelinhas durante as quase 2 horas de filme.  
A narrativa é bastante confusa para quem não está acostumado com esse tipo de filme alinear, além do fato de que e o filme é lento, muito lento, chegando a ficar as vezes até um minuto inteiro em cenas sem diálogo ou movimento, mas tenho de confessar que é uma boa estruturação de como “nasce” um psicopata. Pois vale frisar que eles não se tornam por conta da sociedade, pessoas com esse tipo de comportamento, já nascem assim. E também é apresentado o outro lado, o peso e a cobrança feita em cima da mãe, como se o fato do filho ser um monstro sem sentimentos fosse culpa dela. 
Uma opinião final. O filme não me agradou como eu esperava, apesar de ter uma abordagem inteligente e bem desenvolvida. Percebi que prefiro mais os que apresentam seriais killers já em atividade há algum tempo. 
 4 em cada 100 pessoas no mundo são psicopatas. 

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