The Handmaid's Tale Livro - Filme - Série de tevê
**Aviso, este post contem spoilers**
Bom, acredito que neste ponto de 2019 todo mundo conheça a premissa de "O conto da aia" mesmo que bem por cima.
Em um futuro próximo distópico, a taxa de natalidade caiu drasticamente, levando um governo teocrático a impor uma lei absurda de que, toda mulher fértil deva "servir" como Aia, para gerar uma nova criança para a nação. E é neste contexto que conheceços June (Offred) uma aia, que resolve narrar sua vivência dentro do regime ditatorial horrendo e castrador.
Esta informação base é reconhecível nas três mídias da história (livro, filme, série de tevê), mas o diferencial é como a cada nova mídia, a história da Offred começa a ser mais desenvolvida.
No livro terminamos sabendo que ela foi "resgatada" por um grupo da resistência, que ela estava grávida e só. Anos mais tarde alguém descobre suas memórias em uma casa abandonada e as usam como orientação para entender como foi aquele período obscuro do país.
**Acho que nem preciso entrar em detalhes de quão asquerosas são as cenas de "cerimônia" na qual as Aias são literalmente estupradas para gerarem bebês, mas o pior é a hipocrisia religiosa, as desculpas absurdas, os recortes estratégicos de certas passagens bíblicas do interesse dos poderosos**
Moira é ruiva e OffGlen não sofre a castração clitoriana, dizem que ela se enforcou. A filha de June não tem nome, Serena Joy e o capitão são idosos e o bebê de OffWarren morre após o parto. (O livro é de 1985)
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No filme vamos um pouco mais além e no final podemos vê-la bem grávida, escondida em um lugar afastado, esquentando água, se preparando para dar a luz, sozinha.
Moira tem cabelos pretos, mas é branca. OffGlen quase não tem participação, a castração não é mencionada. A filha de June é pouco mencionada, Serena e o capitão são idosos. (O filme é de 1990)
E agora na série de tevê, não só a vimos dar a luz de uma forma quase primal e animalesca, como também vimos o bebê sendo tomado dela e ela sendo punida e recolocada no circuito de aias.
Moira é negra (em todas as três versões ela é lésbica), OffGlen tem um papel importante, seu passado é melhor desenvolvido, a série foca-se mais no quesito LGBT do que feminista, ao contrário do filme dos anos 90.
OffGlen sofre a castração clitoriana antes de ser enviada as colônias e a cena é a coisa mais impactante da temporada, na minha opinião.
O bebê de OffWarren sobrevive, ela a rouba, tenta fugir, quase se mata - enlouquece. Serena e o capitão são mais jovens. Tem a cena da amputação do dedo de Serena, que no livro é apenas mencionada como uma lei que poderia ser aplicada. (A série é de 2016)
OffGlen sofre a castração clitoriana antes de ser enviada as colônias e a cena é a coisa mais impactante da temporada, na minha opinião.
O bebê de OffWarren sobrevive, ela a rouba, tenta fugir, quase se mata - enlouquece. Serena e o capitão são mais jovens. Tem a cena da amputação do dedo de Serena, que no livro é apenas mencionada como uma lei que poderia ser aplicada. (A série é de 2016)
Eu ouvi gente falando que a série de tevê está virando fanfic, mas eu duvido, pois enquanto a autora, Margareth Atwood estiver na produção executiva, quero acreditar que é ela quem está dando as cartas e que decidiu que Offred merecia um final descente.
Além do fator da assustadora onda de puritanismo religioso que tem crescido por todo o planeta, mais do que nunca, é necessário dar um "final feliz" para a personagem, mostrar que ela e as outras vão se levantar e enfrentar a opressão patriarcal e teocrática de Gillead.
Neste exato momento histórico, as mulheres precisam ter algum tipo de incentivo, mesmo que fictício de que a luta não está perdida.
A temporada 3 de The handmaid's tale sai agora em 2019, e eu torço para que seja a última e tenha um final bem amarrado e satisfatório = o que para mim é uma revolução anárquica por parte das Aias e a retomada dos direitos que lhes foram arrancados.
Mas, não sei se consegui me explicar ou vocês notaram, mas a cada nova adaptação da história, Atwood libera mais algumas pequenas informações do que aconteceu com June.
O conto da aia é um conteúdo incomodo e desconfortável, especialmente porque, ainda que de forma velada por conta das normas sociais, muitas das coisas sofridas pelas personagens são sofridas por nós no dia-a-dia.
E assim eu fecho o ciclo, li o livro, vi o filme e acompanho a série e só penso, que época horrível para se viver e ser mulher num país, num planeta, num universo tão horrível e monstruoso.
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