28 dias depois [Extermínio] [2008]



Vamos deixar uma coisa clara, eu detesto filmes de zumbi. Toda aquela loucura, baba, gemidos e mordidas me dá um nojo do caramba. Então, por que diabos resolvi ver esse filme que é de "super zumbis"? Sei lá, eu estava com tédio e sem nada melhor pra fazer.

O filme começa com dois ativistas dos direitos animais tentando resgatar um macaco que está sendo usado como objeto de testes. Mas o que eles não sabem é que o bicho está infectado com um vírus zumbi, transmitido pela mordida. A ativista começa a dar sinais da contaminação no mesmo instante em que é mordida.
O filme corta então para 28 dias depois do ataque, (dai o título original), aparece um rapaz, ele está em uma cama de hospital, nu e ligado a vidros de soro e sabe-se lá mais o que. Ele está sozinho.
***Esta cena seria repetida inúmeras vezes em outros filmes de zumbis e séries, como the walking dead e o primeiro filme da franquia Resident Evil (que é do mesmo ano de 28 dias depois).***
Agora, presta atenção, não tem nenhuma viva alma na cidade inteira, o cara acha dinheiro espalhado pelo chão e... ele junta o dinheiro e leva com ele! pra que dinheiro se não tem ninguém na cidade?

Por que eu chamei os zumbis desse filme de "super zumbis"? É simples, eles não são arrastadores de pé como os do filme do Romero, nope. Esses aqui correm e tem ótima audição, bons reflexos, poderiam até ser humanos, se não quisessem comer a sua carne e chupar o seu cérebro. E mesmo depois de serem tacados fogo, eles continuam correndo.

E então surgem dois "salvadores" e temos o momento explicação da mitologia do filme, sobre como a epidemia começou e tudo o mais. - isso é um detalhe importante, muitos filmes de terror passam por cima deles e acabam se tornando filmes ruins.

O problema com filmes de zumbi é que, se você viu um, você viu todos. Tem casas abandonadas que os sobreviventes invadem, tem zumbis saindo de buracos ocultos e pulando na cabeça dos sobreviventes, tem uma "cura" para a o vírus em algum lugar distante e inalcançável, e claro, o personagem que é mordido e infectado e precisa ser abatido. E a cena clássica da orgia alimentícia que os sobreviventes fazem em um supermercado abandonado. - resumindo é isso.
A trilha sonora tem música como uma ária de ópera e Ave Maria, confesso, músicas bem pouco convencionais para um filme de terror, talvez, o que tornou a experiência de assistir "28 dias depois" algo tão contrastante.

O filme também tem elementos de road trip, com filmagens externas do carro, dignas de uma câmera dos anos 80.

O diferencial dos outros filmes de zumbi, é que neste aqui, não é apenas a mordida que transmite o vírus, a simples ingestão de uma única gota de sangue contaminada resulta na transformação no prazo de no máximo 20 segundos. - eu disse que eles eram rápidos, não?
Assistindo ao filme pensei em uma teoria, "28 dias depois" é o sonho utópico da natureza, dos animais e do planeta Terra. Nenhum humano a vista, nenhum humano para matar, torturar ou escravizar.

Pode-se dizer também que o filme faz uma crítica velada ao racismo, já que os soldados mantem um zumbi negro preso na coleira, como um cachorro, ao invés de matá-lo logo e terminar com seu sofrimento. O que serve de certa forma como uma crítica ao comportamento doentio do ser humano, especialmente dos militares, que preferem torturar a dar liberdade.

Além de misoginia, machismo e tentativas de estupro. O filme mostra que, "homens do exercito" não passam de lixo humano - mais lixo até que os zumbis.

E então o filme muda de um ataque zumbi, para cárcere privado e tentativa de abuso sexual. É uma mudança de enredo bastante impactante, porque, na teoria, os homens que deveriam protegê-los são os responsáveis por causar horror. (que é o que acontece quando alguns homens tem armas nas mãos).

Pode-se dizer que o filme é dividido em duas partes. A primeira abordando a invasão zumbi, a histeria coletiva, a busca por sobreviventes e abrigo enquanto que a segunda se apoia na maldade humana, nos horrores que o ser humano pode fazer se estiver armado e sem nenhuma regra que o limite e na luta dupla pela sobrevivência dos personagens principais. Lá fora, zumbis. Lá dentro, soldados enlouquecidos pelo poder.

No elenco temos nomes como Cillian Murphy (O espantalho de Batman, cavaleiro das trevas) Christopher Eccleston [Doctor 9th - Doctor Who], Brendan Gleeson (Detetive Hodges - Mr. Mercedes)

A musica tema, que começa como um conta-gotas e vai aumentando de intensidade até se tornar algo desesperado e escandaloso é outro detalhe a se prestar atenção. Na verdade, foi por causa da música tema que eu fui atrás do filme.
Do ponto de vista de fotografia/cenário o filme é bastante escuro na segunda parte e o gore fica a cargo da imaginação dos espectadores, com exceção de algumas poucas cenas.

É o primeiro filme de zumbi que eu vejo e não aparece cenas deles quebrando crânios como nozes ou tirando intestinos como linguiças de metro. E eu agradeço por isso.
Ah e mais um detalhe pelo qual eu agradeço, não tem cenas de sexo no filme - até porque, nesse contexto de filme de zumbi, cenas de sexo são totalmente fora de contexto, né? Você está tentando ficar vivo e para pra transar? wat?

Resumindo, não é um filme impactante que causa um mal estar, mas deixa uma mensagem para se pensar que, se um dia o planeta tiver algum grande cataclismo, o maior perigo que podemos correr é estar na companhia de outros seres humanos.

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