Raw [2016]


Vamos falar deste filme polêmico que criou público em cima de uma grande mentira de histeria coletiva, ou como eu gosto de chamar... Raw.
É a história de uma caloura de medicina, que também é vegetariana, que durante um trote violento, é obrigada a ingerir fígado de coelho e a ingestão da carne desperta nela um desejo incontrolável por carne - qualquer tipo de carne, incluindo, humana. Este é o enredo-base do filme. 


Sinceramente, o filme não é lá muito diferente dos filmes de zumbi, exceto que Justine tem consciência de que está comendo frango cru, o dedo amputado da irmã e outras coisas absurdas.
Pra mim a cena mais nojenta foi quando ela vomitou os fios de cabelo que vinha comendo há semanas, essa condição se chama "tricotilomania" e é um distúrbio nervoso. Mas eu fiquei com mais nojo disso do que ver ela comer todas aquelas coisas feitas de carne... animal ou humana, whatever.
O filme é mais uma crítica a vida de calouro e a pressão da sociedade sobre a mulher do que sobre canibalismo em si. E o fator canibalismo é mais um gatilho nervoso, já que, logo depois que ela ingere, força o vômito.
As cenas de trote, que parecem durar de 15 dias à 1 mês, são bastante incomodas e fazem questionar quem são os animais de verdade, os que estão sendo tratados e necropsiados ou os veteranos que fazem coisas indizíveis com os calouros.
Tem uma certa cena em que o pai de Justine conversa com ela sobre sacrificarem o cachorro da irmã, porque o bicho provou sangue humano. E ela pergunta, "não há nada que se possa fazer?" e o pai responde que não, "uma vez que prova sangue humano não há mais volta" sem saber que está confirmando as suspeitas de canibalismo da filha.
A cena inicial de uma pessoa se jogando na frente de um carro na estrada, só é explicada aos 50 minutos do filme. O que me deu um nó no cérebro, porque eu jurava que um acidente que Justine e o colega de quarto veem mais cedo era esse acidente. Só que não era.
Por ser um filme sobre uma estudante de veterinária tem sim, muitos animais, checagem uterina de vacas [ou seja, enfiando o braço inteiro na vagina do animal], cadáveres de cavalos e vacas para necrópsia, cavalos induzidos a coma para tratamento, tem muito animal de grande porte em situações impactantes e se você não consegue lidar com isso, esse filme não é para você.

Para mim que já vi uma dúzia de filmes envolvendo necrópsia humana, a dos animais do filme não são nada demais.
Há também uma cena de "trote" que incita ao abuso sexual e bom, a resposta da menina a isso é bem... Divertida. Ela arranca fora o lábio inferior do cara que está tentando beijá-la a força.
+Se o filme foi uma tentativa a crítica ao consumo de carne animal (como foi o caso daquele péssimo filme de baixo orçamento que saiu em 2018 chamado "The Farm", "Raw" foi um belo tiro no pé. Porque, não é comer carne animal que vai te transformar em canibal [releve a rima].
Agora, se a ideia foi criticar a pressão psicológica e emocional que o estudante de faculdade sofre, não apenas pelos professores, mas também pelos trotes dos veteranos, ai sim, talvez, o filme tenha alguma coerência.
Ainda assim, não foi tão "oh meu deus gore" como estavam divulgando por ai. Quase não tem sangue, não tem a personagem abrindo a barriga de ninguém e comendo os intestinos, no quesito gore, que é pelo qual o filme foi exaustivamente vendido, "Raw" é uma bela enganação.
No fim fica explicado de forma disfarçada que o gene do canibalismo é hereditário, transmitido pela mãe para as duas filhas e que a única forma de controlar é jamais ingerir carne - solução e explicação meio forçadas, mas, okay.
Resumindo, "Raw" (ou "Grave" como saiu por aqui, apesar de a tradução ao pé da letra de "Raw" ser "Cru") não é um filme de terror cheio de gore e tripas e sangue esguichando que nem sprinklers pelo quintal.
O filme pra mim, deixou muito a deseja, não entregou o prometido e é um roteiro extremamente exaustivo e monótono.
Foi, assim como "A Bruxa" um caso de marketing oportunista ruim que deu muito, muito errado.

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