120 batimentos por segundo

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Eu já assisti vários filmes que abordam o assunto AIDS/HIV, alguns bastante realistas e até chocantes pela crueza de detalhes e outros mais romantizados e nada criveis, inclusive, fiz até uma seleção com alguns para uma página no facebook que eu modero e apesar de hoje em dia não se ouvir mais informações alarmante de uma epidemia crescente e que várias pessoas portadoras do vírus já podem ter uma vida praticamente normal, o assunto continua voltando a toda, pois ainda é atual.
E é sobre isso que fala o filme 120 batimentos por segundo, produção francesa lançada no finalzinho de 2017 lá fora, e que foi exibido em alguns poucos cinemas brasileiros em janeiro de 2018.
*Antes de começar essa review, quero alertar que este filme tem temática LGBT*
O filme tem duração de 2h23min e apresenta o cotidiano de um grupo de ativistas chamados Act Up-Paris, que lutam para que o país reconheça a dimensão da epidemia do HIV e dê maior suporte as pessoas infectadas com o vírus. Mas, a abordagem do grupo é um pouco… Radical, eu diria. Na mesma linha do grupo de defesa dos animais Peeta (que jogam tinta vermelha em casacos de pele), eles invadem laboratórios e atiram bexigas cheias de sangue artificial, causando histeria nos locais, exatamente pelo medo de contaminação com a doença. Isso se desenvolve nos primeiros 20 minutos do filme.  

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Um detalhe interessante no filme é a inclusão de deficientes auditivos, existem pelo menos duas pessoas HIV Positivo que se comunica por ASL (Língua americana de sinais) e uma interprete para traduzir tanto o que eles falam para o grupo quanto o que o grupo fala, para eles. Eu achei isso algo muito bem colocado, afinal, o vírus pode atingir qualquer pessoa, tenha ela alguma deficiência ou não.
Sobre o romance prometido na sinopse do filme, ele só dá os primeiros sinais de vida lá pelos 40 min. do filme e as cenas duram, uns 10 minutos talvez e nada, além disso. E a partir daí o que se segue é a evolução do vírus a contração de doenças oportunistas por um dos personagens do casal principal, que é soro-dissonante, ou seja, um soropositivo e outro soronegativo e o agravamento do seu quadro de saúde.  

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A narrativa é bastante cuidadosa ao apresentar os estágios terminais da doença, mas, ao contrário do que foi vendido durante o período de divulgação e lançamento, “120 batimentos por minuto” não é um filme com final feliz, na verdade ele é bastante cru e pungente, acertando o espectador como um bom soco na boca do estômago. Também preciso adiantar que o desenrolar é extremamente lento e nada agradável.
Infelizmente, o enredo-base foca mais no grupo ativista do que no casal de protagonistas e em alguns momentos, confesso que chega a ficar bastante cansativo, por ser apenas debate, teoria, discussão e pouquíssima ação que funcione e surta efeito em médio prazo.

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O filme tem ótima fotografia e trilha sonora instrumental, mas, me incomodou por prometer uma coisa (um filme sobre AIDS com um final “feliz”) e ter entregado outra coisa totalmente diferente, além do fato de que antes de subir os créditos, não recebemos qualquer informação se todas aquelas manifestações do grupo Act Up-Paris surtiram algum efeito positivo na luta pela popularização dos medicamentos antivirais, como costuma acontecer em filmes que apresentam causas ou movimentos sociais. Na verdade, não nos informam nada.
O filme tinha potencial para ser algo interessante, complexo e informativo (Como “The Normal Heart” foi), mas, durante as mais de duas horas de duração, a narrativa vai se perdendo e ao invés de prender o espectador, o entedia e afasta. E saiba aqui que eu comecei a ver o filme já sabendo que era um “filme de arte”, ou seja, não feito para os consumidores de produção enlatada americana, mas até para mim foi extremamente exaustivo e maçante de assistir.

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Eu realmente gostaria de ter feito uma review positiva e falado bem deste filme, mas, não teve como, por isso sinto informar, mas, se você está procurando um filme que represente de forma clara, direta e fiel a epidemia da AIDS, “120 batimentos por segundo” não é o que você está esperando.
Este aqui é mais um filme cansativo e arrastado sobre um grupo radical de luta e conscientização da AIDS/HIV e foca mais no planejamento e teoria do que nos resultados obtidos com as manifestações.

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É realmente uma pena, mas eu tenho notado que os filmes de temática LGBT que têm sido produzidos nos últimos… Cinco anos, tem decaído muito no quesito qualidade de roteiro, (salvo algumas raríssimas exceções), quase sempre do meio para o final deles, a coisa toda começa a desmoronar como um castelo de areia engolido pela onda do mar e é triste de ver isso.
Esta review foi um pedido da Marcela C. Ribs

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