Estrelas além do tempo
Então, na leva de filmes que eu vi enquanto estava sem internet, estava “estrelas além do tempo” (Figuras ocultas, no original) e assim… Ah, vamos lá.
O filme num geral não é ruim, a atuação das três atrizes principais é incrível, primoroso e cativante. Janélle Monet foi uma surpresa deliciosa como atriz e a Octavia Spencer arrasando como sempre e a Taraji P. Henson é extremamente incrível e talentosa - e apesar de ela ter feito mais de 40 participações entre filmes e séries, eu não a conhecia até ter visto este filme.
O filme fala dessas três mulheres negras que trabalham para a NASA em plena época de segregação racial americana e a importância e peso da presença delas para os avanços na corrida espacial.
Teria sido perfeito, se, SE, não tivessem enfiado aquele mito do white savior (ou o salvador branco) que costuma ser um personagem branco/caucasiano que “salva” os personagens negros (protagonistas) de alguma situação de cunho social.
No caso aqui é o chefe da divisão onde elas trabalham que quando a personagem da Taraji (Katherine) diz que precisa cruzar todo o campus espacial para poder usar o banho para “mulheres de cor”, o cara vai e arranca placas que informam que os banheiros do prédio onde ela está - q é o que ele supervisiona - são apenas para brancos.
Digo, desculpa, mas, essa cena foi totalmente irreal e absurda, dado o comportamento padrão esperado dos brancos naquela época. Se não fosse essa cena, o filme teria tido mais credibilidade e consistência.
Um detalhe interessante foi ver o Jim Parson (Sheldon de The big bang theory) bancando um cientista inicialmente racista e turrão, mas que aos poucos acaba reconhecendo a capacidade e competência de Dorothy.
Também vemos que o responsável por colocar para funcionar o primeiro IBM [tijolão] foi uma mulher, e uma mulher negra. A personagem da Octavia (Dorothy).
E por fim, a personagem de Janelle (Mary) que se tornou a primeira mulher negra a estudar em uma universidade de brancos (mais uma vez vemos a sombra do White Savior rondando o roteiro).
Dá pra notar que os roteiristas tentaram suavizar o racismo e a segregação das personagens, pelos demais funcionários da NASA e isso, meus amigos, foi um grande tiro no pé, pois não se pode esconder com maquiagem um corte aberto.
Enfim, é um filme bonito, no fim durante os créditos, somos apresentados ao que aconteceu com as três mulheres reais que inspiraram a produção. Todas evoluíram academicamente e conquistaram um espaço e deixaram um legado incrível, mas, se os roteiristas não tivessem tentado enfeitar a violência e disfarçar os abusos com cenas fictícias, o filme teria sido muito melhor.

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