O presente

Atenção, esta review contém spoilers!

“O presente” é um filme escrito, dirigido por Joel Edgerton (o qual também faz o papel de um dos personagens) e conta a história de um casal que está em uma loja e é abordado por um homem que diz ser amigo de colégio do marido.

Conforme o filme vai se desenvolvendo a coisa vai ficando cada vez mais perturbadora e a ideia que tínhamos dos dois personagens masculinos começa a mudar. O “mocinho” se mostra um “valentão” e o “vilão” era na verdade uma vítima do passado.

O que me acertou como um soco no estômago foi a sequencia final, a duvida plantada na cabeça do marido e a sugestão de que uma grande violência foi cometida contra a esposa - mas tudo fica apenas na área da suposição.

Mas o que me incomodou de verdade não foi nem o final em si, mas a forma como ele foi desenvolvido, inteiramente do ponto de vista masculino do marido, ignorando completamente qualquer tipo de reação que a esposa pudesse ter ao descobrir o que - supostamente - aconteceu com ela. É uma representação estúpida de orgulho e masculinidade ferida. E esse é o ponto fraco do filme. A falta de empatia pela personagem feminina.

É um filme lento, dura quase 2 horas e extremamente arrastado, as informações são apresentadas no melhor estilo conta-gotas e o suspense e a tensão vão crescendo aos poucos até chegar em um ponto insuportável. Não é um filme para quem não tem paciência.

O lado bom é que a tal cena suposta não aparece - por isso ela é suposta e com exceção de peixes ornamentais, nenhum outro animal é morto cenograficamente [ou seja, não de verdade] durante o filme.

Enfim, não é um filme que eu pretenda rever no futuro, mas vale a pena pra termos uma ideia de que as vezes, não conhecemos as pessoas com quem convivemos por anos, com quem muitas vezes, dividimos a cama e os pensamentos.

É um filme sobre o monstro interior oculto e maligno, disfarçado sob a mascara do bom marido, do bom amigo, do bom humano.