Boy Erased e The miseducation of Cameron Post [2019]
O que "Boy Erased" e "The miseducation of Cameron Post" tem em comum?
Além de ambos terem sido lançados este ano, serem baseados em livros homônimos e falarem de terapia de aversão sexual, os dois pecam por não tentarem mostrar a coisa da forma chocante que ela realmente é.
Em "Cameron Post" temos uma garota que tem um relacionamento com outra garota é enviada pra um desses "centros de reeducação" pela tia, já que a menina é órfã. O filme em si é meio fantasioso e tem um final pra lá de absurdo - com ela e mais dois garotos da instituição fugindo de carona, assim, simples, só saindo e pronto. E a gente sabe que esse tipo de lugar é um verdadeiro campo de concentração, então, o final não é realista. Apesar de ter um personagem que se auto mutila, mas, eu senti que a cena foi colocada só pra causar choque e não serviu pra instruir ninguém sobre os perigos da terapia de aversão.
Em "Boy Erased" um rapaz de 18 anos é enviado pra uma dessas instituições, após quase sofrer um estupro (sendo que o rapaz real que escreveu o livro foi realmente estuprado) porque os pais acham que ele "se desvirtuou" - ai ai ¬¬ - Lá a coisa é um pouco mais física e cruel, mas, mais uma vez, o roteiro pecou dando a entender que é só o jovem querer sair de lá e ele sai, e a gente, mais uma vez, sabe que não é assim.
Terapia de aversão é um assunto sério e perigoso, e os diálogos em ambos os filmes são carregados de um chorume religioso que escorre e gruda e deixa tudo fedendo, os discursos inflamando em nome de um deus que não se importa nenhum pouco com quem esses jovens fazem sexo, além da tentativa desesperada de jogar a culpa pela "homossexualidade" deles nas famílias - porque "a culpa é de alguém, ninguém nasce assim" [hmpf]
Enfim, são dois filmes muito indigestos de se ver, especialmente se você, assim como eu, está cansado de ver todo esse falatório apoiado em cima de religião e pecado [ui, pecado], mas, infelizmente, ambos só arranham a superfície de uma prática cruel e desumana, além de suja e abusiva, que ainda é praticada em várias partes do mundo [e eu suspeito que em alguns lugares aqui do Brasil também].
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