Boneco de neve

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Com a popularização da internet nós podemos ver trailers de filmes que ainda não vieram pro Brasil e esperar ansiosamente que sejam lançados por aqui, o que, é bom, mas, existe o outro lado. Nem todos os filmes lançados no estrangeiro, e eu não me refiro apenas aos que saem nos Estados Unidos, vem pra cá. 
Seja por falta de interesse da distribuidora, medo de o público não entender o filme (pois é, eles nos tratam feito um bando de burros) ou apenas, porque não é o tipo de filme que se trás para o Brasil (e qual seria o tipo de filme certo, não?), muitos destes filmes vem pra cá por baixo do pano, pela mão de legenders e por torrents. Como é o caso de “O boneco de neve”, que, segundo minhas pesquisas, foi exibido em pouquíssimas salas de cinema do país.

 Eu estava com muito interesse de ver este filme de suspense policial, adaptado do romance homônimo de Jo Nesbø, desde que vi o trailer, no começo de 2017.
O filme começa com um garoto e sua mãe, eles moram num chalé isolado no meio do nada, então um homem chega e o garoto vai recebê-lo. A cena muda para o homem tirando as lições de história do garoto, mas, quando ele erra uma resposta, o homem dá um tapa violento no rosto da mãe. Em seguida descobrimos que o homem mantém um caso com a mulher, é casado, policial e pai do garoto, que não sabe desta informação até a mãe ameaçar contar tudo a esposa do homem.
O que se segue é uma das cenas de suicídio materno mais dolorosa que eu já assisti, não vou entrar em detalhes, mas, a cena é o estopim para que a vida adulta do garoto vá para o buraco. Também preciso dizer que, sempre que o tal homem vai “visitar” a mãe, o menino sai e constrói um boneco de neve na frente da casa.
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 O tempo passa e somos apresentados a um policial o qual um dia, ele recebe uma estranha carta escrita numa caligrafia tremida e infantil, dizendo que, enquanto ele lê a carta, a pessoa quem escreveu fará um “boneco de neve para a mamãe”. E então a mãe de uma garotinha desaparece, no mesmo tempo em que um boneco de neve surge na frente da casa dela. E ela é apenas a primeira das muitas mulheres que serão assassinadas durante o filme.
Adiantando uma informação importante, o filme trabalha com duas linhas de narrativa temporal. O presente e o passado, nove anos atrás, criando uma conexão entre os crimes e mostrando que o assassino do boneco de neve está ativo há um bom tempo, sem ter sido preso, atuando em dois locais distintos. E é preciso prestar muita atenção porque, tirando a legenda inicial informando data e local, durante o filme, não somos mais situados da mudança temporal.
A narrativa é bastante complexa e cabe a nós, espectadores, juntar as peças soltas do quebra-cabeça. Confesso que nos primeiros 50 min do filme eu já tinha o motivo que ligava todas as vítimas e uma forte suspeita de quem era o assassino, mas adianto aqui que “Boneco de neve” não é um filme para quem esperar receber tudo mastigado. Ele te faz pensar e agir como detetive junto dos personagens.
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 A história se passa na Noruega, país que tem um dos invernos mais tensos e com muita neve, mas o assassino só mata durante as nevascas. E assim, apesar do plot principal ser o assassino do boneco de neve, existem vários outros assuntos paralelos abordados durante o filme.
 A direção é muito boa e as mudanças de câmera são incríveis, dinâmicas e bastante complexas. Vale citar que no elenco temos nomes como Michael Fassbender, Charlotte Gainsbourg (famosa por participar de alguns filmes de Lars Von Tiers), Val Kilmer, J.K. Simmons (que interpretou um personagem em Lost) e a Jamie Clayton (Nomi de Sense8 que faz uma pontinha minúscula na qual ela nem aparece em foco, mas eu reconheci pela voz).
 O filme é ótimo, infelizmente, teve uma cena de sexo totalmente fora do contexto que poderia ter sido removida, já que não acrescentou nada para a história. Na verdade, pareceu um elemento alienígena no filme. Mas enfim, no geral é um bom filme de suspense, daqueles que nos fazem pensar e analisar as situações, com um final meio piegas, mas nada é perfeito, não é? Como eu não li o livro, não sei quão fiel o filme foi, mas, confesso que foi bastante interessante de assistir.
“…Seria melhor se você não tivesse nascido”
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