O Rouxinol [2018]
Que a Jennifer Kent é uma diretora talentosa pra caramba, todo mundo que assistiu "O Babadook" sabe. Mas que ela ia se superar nesse novo filme, acho que pouca gente imaginava.
O Rouxinol [The Nightingale] é um filme que aborda vários assuntos sociais como racismo, violência contra a mulher, abuso de autoridade, tudo isso bem misturado com um enredo de "revenge movie".
Claire é uma moça que esteve presa e agora trabalha em uma taberna, onde as vezes ela canta sob o pseudônimo de "O Rouxinol". Ela é irlandesa, casada com um homem que a ama muito e eles tem uma bebê.
A vida de Claire poderia ser perfeita, se ela conseguisse que o oficial responsável por seus papéis de soltura, os entregasse de uma vez para ela. Mas, como você deve ter adivinhado, o desgraçado não o faz, pois enquanto ele mantiver os papéis sob seu poder, ele poderá chantagear e abusar da moça.
E "Abuso" é realmente a palavra de ordem desse filme. Eu nunca vi tantas cenas de estupro em um único filme, um dos tipos de cena mais repulsivos que eu as vezes esbarro em um filme ou outro [mas esse aqui se superou]. E o abuso não está restrito no âmbito sexual, há abuso verbal, físico, racial, abuso para todos!
Certo dia, o marido de Claire, cansado de ver a moça ser torturada pelo tal oficial, vai exigir que ele entregue os papéis de soltura da moça. E como você, que já está escolado nesse tipo de roteiro deve imaginar, não deu certo e a coisa, bom, ela saiu bem errado, culminando com duas sessões de estupro e dois assassinatos. O que faz com que Claire deseje por vingança.
Ela vai procurar um amigo do marido, pedindo ajuda, e ele lhe indica um guia aborígene, apesar de inicialmente ela ser contra, (já que existe a lenda de que aborígenes são canibais).O rapaz contratado se chama Billy e inicialmente ele e Claire não se dão bem, mas aos poucos, conforme vão vendo que na verdade ambos são raças que foram abusadas pelos Ingleses [ela, irlandesa e ele aborígene de uma tribo há muito desaparecida], cria-se um elo de vingança entre os dois e a história se desenvolve a partir dai.
Não existe trilha sonora no filme, com exceção de algumas canções cantadas por Claire, a única trilha sonora que vemos são os sons dos pássaros e o farfalhar das plantas.
Normalmente "rape and revenge movies" são produzidos, escritos e dirigidos por homens e para homens, [com exceção de "Revenge" de 2018], O Rouxinol é um dos poucos casos em que tudo foi feito por uma mulher, então, o olhar, não só da cena abusiva em si, mas também de todo o desenrolar, é feito sob a ótica da vítima, como mulher que teve tudo arrancado da sua vida.
O final, na minha opinião foi e não foi satisfatório ao mesmo tempo, não terminou como eu esperava e queria, mas foi ao mesmo tempo bastante revelador.
Lembrando que "O Rouxinol" não é um filme para quem não consegue enfrentar cenas fictícias de estupro e abuso [eu que já vi outros conteúdos com esse tipo de cena, quase não consegui ir em frente!]
Confesso que ainda estou digerindo o longa, que tem 2h15min de duração e olha, não foi um prato fácil de engolir.
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