The Void

Existem alguns filmes que a gente precisa rever uma segunda vez antes de forma uma opinião, seja porque no calor do momento deixamos escapar algum detalhe crucial ou pelo fato de estarmos morrendo de sono, não conseguimos absorver o conteúdo e a mensagem final da produção. Para mim, The Void é um desses casos.

Assisti ao filme no final de 2017 e apesar de ter adorado todo o enredo, fiquei descontente com o final, porque para falar a verdade, eu não o compreendi. Mas, como não sou de desistir fácil das coisas, baixei o filme de novo e resolvi rever com o olhar mais critico e analítico possível e assim, saiu esta review.

The void (ou “O vazio” em português) é o tipo de filme que mistura elementos de diversos subgêneros do horror para criar uma macabra colcha de retalhos assustadora. O filme começa com gritos de mulher, um corpo caído no chão, um rapaz fugindo de uma cabana e dois homens perseguindo a mulher, que recebe um tiro nas costas e então é queimada viva e antes da cena terminar, somos apresentados a uma criatura encapuzada com um grande triangulo preto desenhado na frente do capuz.

A cena corta então para um policial fazendo patrulha de rotina, quando ele vê um rapaz que no primeiro momento ele pensa estar bêbado, mas logo descobre que na verdade está ferido. É o rapaz que vimos fugindo no começo do filme.

E a partir do momento em que o policial e o rapaz entram no hospital, hospital este que está prestes a ser desativado por conta de um grande incêndio que aconteceu nos andares inferiores do prédio, tendo como equipe apenas três enfermeiras e um médico, as coisas começam a ficar ainda mais bizarras, pois ao mesmo tempo em que eles se tornam prisioneiros dentro do prédio pelos dois lunáticos que apareceram no começo do filme perseguindo e matando pessoas, ainda tem uma horda daquelas criaturas encapuzadas cercando o lado de fora do local, além de as pessoas mortas dentro do hospital começarem a se transformar em criaturas lovecraftianas.

As informações cruciais do enredo como por exemplo de onde surgiu a seita ou o que causou o incêndio no hospital, são liberadas em ritmo de conta-gotas, nos obrigando a guardar os pedaços do quebra-cabeça para irmos montando aos poucos.

Toda a ação do filme se desenvolve dentro do hospital e apesar de não ficar muito bem explicado, é possível deduzir que as mutações são o estágio final de um vírus que, inicialmente leva pessoas normais a se tornarem assassinos alucinados e doentios.

É um filme com elementos base de vários filmes de terror diferentes, desde cárcere privado até criaturas tentaculares, passando por re-avivamento de cadáveres, alucinações psicológicas, e uma seita maligna e cheia de segredos. Pode-se dizer que “The Void” é uma homenagem aos filmes de Jonh Carpenter como “O enigma de outro mundo” e “A beira da loucura”, só para citar alguns, além é claro da literatura de Lovecraft, além de trabalhar com o lado sombrio e desesperador do mito da vida eterna e o preço que ela cobra.

E como enredo de fundo podemos citar alguns assuntos base dos seres humanos como luto, perda, morte, o medo de dar a luz a um bebê, complicações relacionadas à gestação e ao parto e o desespero de recuperar algo que foi perdido para sempre. Este é o enredo humano por trás de toda a selvageria, horror e gore apresentados em “The Void”.

Vale adiantar que não é um filme para quem não consegue lidar com cenas de violência explícita, sangue jorrando pra todos os lados e criaturas esteticamente deformadas, entre outras coias bastante bizarras e anormais.

O filme também não tem cenas de tortura ou morte de animais ou cenas de estupro ou mesmo sexo consensual e sinceramente, eu acho muito bom, pois como já disse em outra review, cenas de sexo só servem para estragar o roteiro. Não posso falar muito mais ou vou acabar estragando a experiência que será assistir a esse filme, mas tenho certeza de que vocês irão gostar.

Enfim, após ver o filme uma segunda vez eu o achei extremamente interessante, com, como eu já disse antes, referências á vários outros filmes de terror e que poderá agradar tanto os fãs do terror gore quanto os fãs do terror cósmico.

É terror pra ninguém botar defeito.

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