31 dias de Halloween - dia 07 - Aracnofobia

Todo mundo tem uma fobia, um pavor irracional e inexplicável, o qual se a pessoa tiver contato direto pode até mesmo ter uma crise nervosa ou ataque de pânico. Eu tenho as minhas fobias, mas aranhas, ainda bem, não são uma delas. A escolha desse filme foi parte nostalgia e parte fobias, pois estou tentando abranger um numero variado delas nos 31 dias do desafio. Já passamos pelos clássicos medos do demônio, de vampiros, de ser enterrado vivo e agora, de aranhas.

Eu me lembro da primeira vez que vi esse filme no SBT, também no finado “Cinema em casa” (e sim, passavam esse tipo de filme à tarde) e assim como aconteceu com vários outros filmes de terror “leve”, tive aquele misto de fascínio e pavor por meses a fio depois de ter assistido. O titulo é exatamente o nome que se dá para quem tem medo mortal de aranhas ou em bom latim, aracnofobia.

Com direção de Steven Spielberg, o filme começa com um grupo de expedição indo até a montanha tropical, numa floresta qualquer da America do Sul (que mais para frente no filme, é dito qual o lugar, Venezuela), em busca de novas espécies de insetos. E é aqui que temos o primeiro contato com as aranhas venenosas que povoam o filme. Elas são grandes, quase do tamanho de um punho adulto e assim que os pesquisadores ligam uma espécie de maquina de fumaça, caem aos montes no chão. Acham que estão mortas, até que uma pula na lente da câmera do fotografo responsável por registrar as descobertas. Este mesmo fotógrafo chegou do Caribe alegando estar com febre.

O pesquisador recolhe uns dois exemplares da aranha para estudo e quando estão para partir da floresta, a maior de todas, cai na mochila do fotógrafo, se escondendo ali. Já no acampamento, pesquisador nota que a aranhas não tem aparelho reprodutor e as chama de “soldados”, ao que o fotógrafo responde “Se esses são os soldados, não quero nem ver o general”. Infelizmente, General, a aranha-pai, já está na tenda do fotógrafo e assim que o homem deita para descansar, por conta da febre, ela sai, escala a cama de campanha e o pica com violência na coxa, fazendo dois buracos fundos. Dá mais três picadas e o pobre está morto, por conta do veneno. O corpo é enviado de volta aos Estados Unidos e General vai com ele escondida no caixão improvisado.

Ao chegar na tranquila cidadezinha de Cannayma, a aranha sai do caixão, e os animais do legista, um gato e um cachorro, percebem o perigo que aquele aracnídeo oferece e fogem assustados. Assim que passa pela portinhola para mascotes, a aranha é pega por um corvo e levada para uma fazenda, mas antes que o pássaro pouse, morre por conta da picada venenosa.

E finalmente somos apresentados ao protagonista do filme, digo, segundo protagonista, pois General é a personagem principal. Um jovem doutor chamado Ross que veio morar com a família na cidadezinha de interior. Um médico com aracnofobia crônica, desenvolvida por conta de um trauma de quando ainda era um bebê. Ao mesmo tempo em que o General cruza com uma aranha local, que parece ser uma tarântula e cria um verdadeiro ninho em um seleiro, gerando uma centena de ovos, dos quais nascem mais filhotes igualmente venenosos e agressivos. Pois ao contrário das aranhas normais, que costumam fugir perante a presença humana, os filhotes desta os enfrentam e atacam e apenas uma picada com suas presas venenosas podem causar a morte.

Um detalhe interessante neste filme é que a câmera, muitas vezes, faz a vez dos olhos da aranha, então vemos o que e como ela vê o mundo ao redor. As aranhas são tratadas como personagens e não apenas como efeito colateral de alguma coisa, como costuma acontecer nestes filmes de invasões/infestações de animais.

Enquanto a vizinha do médico novo dá a ele uma grande festa, para a qual convidou toda a cidade, os ovos finalmente eclodem e uma centena de aranhas de tamanho médio (que ainda são filhotes) sai do seleiro, indo em direção a casa, a festa e aos apetitosos humanos. Pois a única finalidade dessa espécie é matar, destruir e envenenar. Salvo General, todos os outros não podem reproduzir, é mais ou menos como um formigueiro, só que com coisas maiores e mais perigosas.

E aqui começam as mortes. Primeiro a tal vizinha, na qual o Dr. Ross havia feito um check-up há alguns dias e a atestou com uma saúde de ferro. A picada acontece quando ela vai apagar o abajur. O enredo dá as aranhas pensamento calculista e estratégias de ataque, pois a aracnídea só esperou até que tivesse uma chance de atacar a mulher sem muito esforço. Após sua morte, todos da cidade começam a desconfiar de um erro médico e somando o fato de que o antigo médico proíbe uma autopsia, a causa-morte fica desconhecida e a culpa é atribuída ao jovem médico.

Dá aquele desespero ver as aranhas entrarem nos sapatos, jornais, canecas, capacetes de futebol americano e tantos outros lugares e então ver o personagem apanhar o objeto e usá-lo, sendo então instantaneamente mordido e morrendo do que se deduz ser uma parada cardíaca misturada com febre tetânica.

O resto do filme é Ross tentando provar sua inocência e competência de médico, após mais algumas pessoas que foram tratadas por ele serem mortas pelas aranhas, contra General e seus filhotes, que aos poucos estão super-populando a cidade. A sequência final é no mínimo interessante.

O filme foi feito na época em que pesquisadores europeus vinham até a América do Sul sob o pretexto de estudar as espécies únicas e contrabandeavam várias para os seus países de origem, talvez com base nesse gancho Spielberg quisesse transmitir a ideia de que algumas criaturas não devem ser incomodadas ou assim como fez com Tubarão, há quase 40 anos, apenas utilizou uma criatura que causa repulsa e pavor em um bocado de gente, para produzir o filme.

Vou citar a titulo de curiosidade que o filme recebeu uma versão graphic novel (quadrinhos) alguns anos após o lançamento. E por fim, recomendo este filme para aqueles que não têm aracnofobia ou entomofobia (medo de insetos em geral), gostam de um bom suspense e filmes no estilo sessão da tarde.

“…Pelo menos saímos vivos.”