31 dias de Halloween - dia 15 - O silêncio dos inocentes
O silêncio dos inocentes (tradução quase literal do titulo, “the silence of the lambs” – em que a palavra “cordeiros” – “Lambs”, é uma metáfora para pessoas inocentes) é um desses suspenses policiais incríveis no qual você vai descobrindo os fatos junto da protagonista. E assim como alguns outros filmes deste desafio, eu só fui ver este completo depois que cresci e foi quando compreendi o porquê de falarem que era um daqueles filmes impactantes e ao mesmo tempo sutis.
O filme começa com uma pista de treinamento militar na qual a agente Clarice (Jodie Foster), demonstra para completar. Mas antes que consiga um superior a chama, informando que o chefe quer vê-la no escritório. Ao chegar lá, o chefe, John Crawford, não está e enquanto espera, ela tem o primeiro contato com o caso Buffalo Bill, um serial killer que tem esfolado mulheres por toda a América.
Quando o chefe retorna, ele informa que tem um trabalho para ela, já que Clarice é altamente qualificada na área da psicologia criminológica. Crawford informa que eles estão entrevistando assassinos seriais para traçar um perfil-básico, muitos entrevistados ficam felizes em cooperar, exceto um, Hannibal Lecter (Hannibal, the Cannibal), ele pede que a moça tente entrevistá-lo, apesar de ter certeza de que Lecter não irá cooperar, “para pelo menos dizer que tentamos”.
No sanatório Baltmore, o responsável dá as instruções base para Clarice e antes de entrar na ala onde Lecter está ele mostra a ela uma foto de uma enfermeira que foi atacada pelo preso. “Conseguiram salvar metade da mandíbula dela e um dos olhos. O pulso dele nunca passou de 85, nem mesmo quando comeu a língua dela”. A foto é mostrada apenas a Clarice e para nós fica o imaginário da cena macabra com base na descrição.
A cena seguinte é de Clarice passando no corredor onde outros presos estão mantidos e pode-se ver uma personificação física do que é o assedio sexual para as pessoas do gênero feminino, pois eles falam todo tipo de abominação conforme ela anda passa. E então temos a primeira visão de Hannibal Lecter e nos poucos minutos de conversa entre os dois, ele a lê da forma mais cruel possível. E como todo bom psicopata, Lecter é assustador e sedutor ao mesmo tempo. A cena termina com Clarice se preparando para sair do corredor, quando um dos detentos joga sêmen nela. Hannibal a chama de volta e lhe dá uma dica que segundo ele, ajudará na captura de Buffalo Bill.
Dias mais tarde ela recebe um telefonema informando que o detento que atirou sêmen nela morreu. “Lecter esteve falando baixinho com ele o dia todo, Miggs engoliu a própria língua”. E aqui fica claro que para Hannibal Clarice tem algum tipo de importância, se não porque outro motivo ele faria o outro preso se suicidar?
A cena em que Clarice descobre um armazém com o nome da suposta dica dada por Lecter e o que ela encontra lá dentro vale muito a pena. Como não é um ponto crucial, acho que posso dar um pequeno spoiler e dizer. Ela encontra uma cabeça humana, porcamente maquiada dentro de um jarro com formol. A cabeça pertence a um ex-paciente de Lecter, o qual, segundo ele, foi assassinato por outra pessoa. “Eu apena preservei e guardei sua cabeça, quando a encontrei”.
Então vemos Buffalo Bill em ação, no estado do Tenesee, bem longe de onde Lecter está preso, Baltmore. Bill finge ter um braço engessado e pede ajuda para uma moça que está passando para colocar uma caixa no furgão, quando ela está distraída, acerta-a na cabeça e a coloca dentro do carro. Existe um detalhe em comum em todas as vitimas, são garotas acima do peso, não morbidamente obesas, mas com o clássico pneuzinho e braços e coxas grandes. Ao raptar uma moça, a primeira coisa que ele confere é o tamanho das roupas dela e em seguida, se a pele é macia e sedosa. Ela é encontrada num lago semanas depois, no estado da Virgínia do Oeste. Clarice é convocada para acompanhar Crawford na autopsia da moça.
E novamente temos uma cena de crueldade e violência extrema, sendo descrita apenas com palavras, o máximo que vemos da garota é um vislumbre parcial de folhas e lama. Eu acho esse tipo de abordagem muito inteligente, pois ao invés de entupir o espectador com sangue e tripas, a descrição nos dá direito a imaginar a cena da forma mais brutal possível e ainda assim diferenciada dos demais que estão assistindo o filme.
E é aqui que conhecemos a mariposa da morte, aquela que aparece no cartaz do filme, cobrindo a boca de Clarice. Na verdade, o que está na garganta da moça morta é o casulo da mariposa. Essa espécie só vive na Ásia, o que leva a conclusão de que alguém a estava criando em cativeiro e a colocou na garganta da vitima post-mortem.
As coisas começam a tomar um rumo ainda mais obscuro com o sequestro da filha de uma senadora do país. A moça está sendo mantida presa em um poço na casa de Buffalo Bill e o que ele faz com a pele esfolada das vitimas é um misto de arte perturbada e sadismo puro. A condição mental dele é bastante complexa, pois ele sofreu abuso físico e talvez sexual na infância e acredita que, mudando drasticamente sua aparência física, poderá ser feliz. Mesmo que isso custe a vida de outras pessoas.
Para localizar a moça ainda com vida, Clarice precisa fazer um trato com Lecter, ele contará detalhes sobre Buffalo Bill em troca de informações pessoais dela. Visando salvar a moça, ela aceita a oferta.
Esse filme tem inúmeras cenas chocantes, mas eu acredito que uma das melhores é o anjo que Hannibal faz com um dos guardas que o vigiam e a cena em que aparece o que Buffalo Bill tem feito com as peles coletadas das vitimas. É difícil resumir um filme tão complexo em uma review de até três páginas, por isso só posso dizer que, esta é a recomendação perfeita para quem gosta de terror psicológico, jogos mentais e de poder e mortes “artísticas”. Vale citar que o ator quem faz Buffalo Bill foi anos mais tarde o capitão Stotelmeyer da série de tevê Monk e que Antony Hopkins fez uma interpretação incrivel do personagem criado por Thomas Herris.
“Qui-pro-coi Clarisse, Qui-pro-coi”

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