31 dias de Halloween - dia 20 - Advogado do diabo

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Com um núcleo principal que apresenta nomes como Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron, esse filme pode ser considerado uma fabula moderna sobre a vaidade humana e como podemos ser facilmente seduzidos por ofertas tentadoras de poder, fama e glória. É talvez depois de “O silêncio dos Inocentes”, um dos filmes com mais conteúdo e mensagens da lista do desafio.

A primeira vez que esse filme passou na tevê aberta eu tinha uns 12 anos. Meu pai não me deixou assistir. Passaram-se uns oito anos até eu conseguir baixar a versão para computado e foi uma experiência incrível poder ver o filme completo.
A história começa com um jovem advogado, Kevin Lormax, que está defendendo um professor acusado de ter assediado sexualmente uma de suas alunas. Uma menina de aproximadamente 14 anos. Quando ele descobre que seu cliente é realmente culpado, fica indignado e ameaça abandonar o caso. Mas, ao ir até o banheiro durante os 15 minutos dados de recesso pelo juiz, encontra um jornalista, que o ironiza, dizendo que a maré de sorte dele havia acabado e ele não venceria aquele caso. Em resposta, ele adota uma postura agressiva e insensível, atacando a vitima e fazendo com que ela perca a credibilidade que tinha como testemunha. Ele ganha o caso.
Ele e Mary Anne, sua esposa, saem para beber depois do julgamento e é quando Kevin é abordado por um representante de uma grande firma de advogados de Nova York. Então a câmera muda e estamos vendo um culto celebrado dentro de uma pequena igreja. Entre os participantes, está a mãe do advogado. No inicio a gente pensa que ela é algum tipo de fanática religiosa, mas depois com o desenrolar do filme, percebemos que ela tem seus motivos para ser assim.
Após auxiliar na escolha de um júri que faria o cliente do escritório ser absolvido, Kevin conhece John Milton, o dono do escritório. Al Pacino faz qualquer papel muito bem, mas esse aqui, ele fez com perfeição. Um ser dissimulado e inescrupuloso que se esconde por trás da aparência de um homem.
Kevin é contratado por Milton. Ele e Mary Anne recebem um enorme apartamento, no mesmo prédio em que o chefe e tantos outros funcionários do escritório residem e tudo parece um conto de fadas que virou realidade. Ambos são seduzidos pelo enorme apartamento, a bela vista, as coisas caras que não poderiam ter se ainda morassem na antiga cidade.
O primeiro grande caso de Lormax é sobre um curandeiro voodoo que sacrificava animais na própria casa, para fazer rituais. Um caso perdido, ele diz. Mas ainda assim, vai visitar o cliente em potencial. Após se apresentar como representante do caso, o homem, Meisel, pergunta o nome do promotor. Em seguida tira uma língua de boi de uma geladeira e um punhado de pregos grossos. “Com esta língua, selamos o silencio, terá toda a ajuda que eu puder lhe dar, Sr. Lormax”. Declara o homem antes de mandá-lo partir.
Enquanto isso, Mary Anne já está se perdendo nas decorações absurdamente caras para o apartamento. Tintas, tecidos, enfeites. As compras começam a consumi-la. A cada escolha que ela faz a esposa do outro advogado, que a primeira vista parecia uma amiga, coloca um defeito, obrigando-a a mudar novamente.
Chega o dia do julgamento, Kevin está fazendo uma ótima defesa. E quando o Promotor tenta argumentar em resposta ele tem um ataque de tosse que o faz ter de sair do tribunal. Meisel é inocentado.
E conforme Kevin vai crescendo profissionalmente dentro da empresa, Mary Anne passa a se sentir mais abandonada e infeliz.  O casamento feliz deles está indo pelo ralo em troca do sucesso profissional dele ao mesmo tempo em que Mary Anne começa a ver coisas, que ela acredita no primeiro momento serem alucinações, mas que demonstram ser bem reais. Como por exemplo, o rosto da sua vizinha, com quem saiu para fazer compras, mudar para uma face grotesca e deformada por alguns segundos.
Durante o filme a gente vê aquele ditado “dinheiro não trás felicidade” ser aplicado na prática. Só que eu faria um complemento “Dinheiro, sem ter com quem compartilhar as alegrias que ele proporciona, não trás felicidade”. Porque Mary Anne tem o suficiente para comprar o que quiser, mas continua infeliz, pelo fato de que ela queria o marido ao seu lado e também um filho.
E como qualquer boa personificação do demônio, John é carismático, sedutor e muito divertido. Sempre arrastando Kevin para os mais diversos eventos e afastando-o de ter contato com a esposa.
Existem ótimas cenas nesse filme e a grande maioria delas envolve Mary Anne como protagonista. Ela começa a dar sinais de esquizofrenia, quando na verdade, só está vendo de verdade o que se esconde por trás das camadas de humanidade naquele prédio. Você pode focar-se em um dos personagens, Kevin ou Mary Anne e seguir com a história do filme sob o ponto de vista deles. Eu costumo sempre me compadecer por Mary Anne e acompanhar da visão dela.
Essa não é a primeira história que foca Nova York como uma cidade do pecado. Existe esse conto do Clive Barker sobre um trem, em que um assassino serial mata e limpa seres humanos para oferecer como alimento a uma tribo de patriarcas cadavéricos que vivem no subsolo. Ou seja, Nova York costuma ser o cenário de muitas histórias de terror macabras, talvez seja por isso que tenha encaixado tão bem no enredo desse filme, que vai ficando mais obscuro a cada minuto.
Não é um filme rápido, na integra ele tem 2h24 minutos, é bastante arrastado e até cansativo e se você não estiver com a mente preparada, acabará largando-o no meio, por achá-lo maçante. Mas aconselho que vá até o fim, é um desses filmes incríveis sobre como a vaidade humana pode arruinar a vida para sempre e tem o melhor final. É só o que eu posso dizer.  
“Vaidade, definitivamente meu pecado favorito”

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