31 dias de Halloween - dia 13 - A maldição de Quicksilver

image

[AVISO, ESTA REVIEW CONTÉM SPOILERS!]
Eu lembro que a primeira vez que vi esse filme e peguei pela metade na tevê a cabo, senti um bom incomodo, especialmente na segunda história. Mas o outro detalhe que vale a pena frisar aqui é que, os dois contos que compõe o filme foram escritos por mestres do terror moderno. Respectivamente, Stephen King e Clive Barker. O elemento de ligação entre as duas histórias é um colecionador de curiosidades mórbidas que é interpretado pelo incrivel Christopher Loyd (De volta para o futuro, A Família Addams).

O filme começa com um casal recém-casado cujo carro quebrou no meio do deserto. A noiva ainda usa o vestido branco e exibe uma gravidez considerável. Então o marido diz que vai procurar ajuda e deixa a moça esperando, sozinha. A noite cai e ele não volta, é quando surge um veiculo na estrada e a ela pensa ser o marido voltando com um guincho… Mas quando chega perto o suficiente constata que não e o sorriso que estava em seu rosto some.
Então desce do carro o personagem de Christopher Loyd, usando coleira de couro, delineador, peruca ruiva e uma toga preta. Ele se aproxima do carro e após conversar com a noiva, convida-a para ir até seu trailer e comer. A moça que estava faminta, aceita o convite.
Enfim ele se apresenta como Aaron Quicksilver e descobrimos também o nome da jovem noiva, Olivia Harmon, corrigindo, Parker. ele então conta a Olivia a história de um objeto que adquiriu há algum tempo, uma dentadura mecânica gigante. (observação, esta história pode ser lida na integra no livro de contos Tripulação de Esqueletos, do Stephen King).
A história começa com um rapaz numa cabine telefônica em meio a uma tempestade de areia. Ele diz a esposa que não chegará para o aniversário do filho, ela então coloca o menino na linha, que o faz prometer que estará lá e que levará um presente incrível. Ao entrar no carro o rádio informa que a policia ainda está à caça de um fugitivo perigoso, mas o resto da noticia é cortado quando ele coloca uma fita k7 para ouvir.
Ele chega a um posto de gasolina, ao entrar na loja de conveniência, a primeira imagem que vemos é a tal dentadura mecânica, que esta sendo manuseada pelo próprio Quicksilver. Quando o rapaz entra, ele a recoloca na prateleira e sai. Enquanto o rapaz escolhe alguns produtos, seus olhos fixam na dentadura. Ela é grande, dois palmos de altura de puro metal sobre um par de pés com sapatos laranja. Deveria funcionar com corda, mas parece estar quebrada. No fim, o dono da loja dá a dentadura de graça para o rapaz.
Ao sair da loja um jovem o aborda pedindo carona, a qual o outro dá meio a contragosto. Mais para frente descobrimos os nomes dos dois. O carona é Bryan e o motorista, Bill. Após um bom tempo, Bryan saca uma faca retrátil e faz exigências, como por exemplo, fumar quantos cigarros quiser, mesmo que os vidros do carro estejam fechados. Em resposta, Bill começa a correr cada vez mais com o carro, assustando o caroneiro, até que, ao encontrar um caminhão que vinha na outra pista, eles saem da estrada e capotam.
Bill está preso pelo cinto de segurança de ponta cabeça. Bryan pega a faca e se prepara para matá-lo, quando dentro do saco de papel, a dentadura mecânica dá seus primeiros sinais de vida e morde a perna do bandido. Após alguns minutos em que Bryan tira sarro da dentadura, achando que ela só o mordeu por mau funcionamento, a peça morde o nariz dele e então passa a mordê-lo em diversas outras partes do corpo, até chega a cortar fora alguns dedos.
Em seguida a dentadura se vira na direção de Bill o qual entram em pânico, mas acaba desmaiando antes de ver para onde o brinquedo ia. Ele acorda um tempo depois. Seu cinto de segurança foi cortado e o corpo de Bryan desapareceu. Ao sair do carro, Bill vê a dentadura mecânica puxando o cadáver do seu agressor pelo deserto.

image


Passam-se nove meses, Bill acaba passando novamente no posto de gasolina onde adquiriu a dentadura mecânica, a qual não viu mais depois do ocorrido. Conversando com a atual dona do lugar, ele fica sabendo que encontraram o cadáver de um bandido procurado. “todo mordido, disseram que foram os animais” (mas nós sabemos que foi outra coisa, não é?).
É quando ela diz que tem algo para ele e tira de trás do balcão a tal dentadura mecânica. “Estava na porta da loja, deve ter caído quando você saiu” (mas nós sabemos que não, não é?). ele sai com o brinquedo debaixo do braço,é quando o cachorro da loja late para o objeto, que abre os dentes, ameaçando mordê-lo, ao que Bill diz “Calma, amigão”. – deduzimos que a dentadura criou um laço com ele, porque ele quis levá-la consigo.
Voltamos para o trailer de Quicksilver, e então se ouve um som de acidente de carro, Olivia e Quicksilver correm para fora e a moça só tem tempo de ver um corpo sendo arrastado lentamente pelo deserto, como se quem o fizesse fosse pequeno demais para fazer muita força. A câmera então apresenta a dentadura mecânica puxando o marido dela, morto no acidente. Essa história termina com uma tomada da dentadura indo embora no deserto.
“Quer me morder?”
A segunda história eu vou tentar ser mais breve, até porque, ela aborda um tema que os que me conhecem sabem, me dá pavor. Assim como a primeira, é uma história dentro de uma história e começa com um batedor de carteiras que rouba em um parque de diversões+feira de curiosidades. O personagem tem um encontro com Quicksilver em sua tenda de horrores deliciosos, e enquanto ele anda pela tenda, podemos ver de relance a dentadura mecânica exposta em um pedestal.  
A história é sobre “A mão da glória”. Quicksilver explica que aquela mão em particular é genuína, a mão humana de um criminoso, recoberta de banha e então transformada em uma vela. E então ele frisa a importância das mãos para as pessoas, mas não das pessoas para as mãos. A história que Quicksilver conta ao batedor de carteiras se chama “A revolução das mãos” e é bem menos… Sutil do que a primeira, em grande parte por ser de autoria de Clive Barker. (aos que não estão assimilando o nome, ele é o autor de Hellraiser e o escritor do conto que deu origem ao filme O ultimo trem, ambos bastante viscerais).
E se um dia suas mãos criassem consciência e resolvessem se desligar do seu corpo e por desligar eu digo… Amputarem-se. A revolta começa em um hospital especializado em cirurgias plásticas, mais especificamente com as mãos do renomado cirurgião, Dr. George, que aos poucos se recusam a obedecer comandos simples como segurar um objeto ou guiar um carro.
Após quase bater em um caminhão por conta das mãos não obedecerem, George chega em casa. Após um banho morno, ele e a esposa dormem enquanto suas mãos, bem, elas conversam entre si por gestos e telepatia e discutem como Irão se separar daquele corpo e espalhar a revolução das mãos para a cidade, o país, o mundo! São bem ambiciosas não?
A primeira coisa que as mãos de George fazem é estrangular sua esposa até a morte, enquanto ele está inconsciente, dormindo. As cenas seguintes são muito bizarras, quase perturbadoras. As mãos não obedecem mais ao corpo e chegam a bater e beliscar o médico para que ele fique quieto. Então elas o arrastam até a cozinha e com uma machadinha, a direita desliga a esquerda do corpo, amputando-a. A esquerda é a disseminadora da rebelião e no hospital, consegue persuadir mãos de pacientes a também se desligarem de seus corpos.
George deduz que se morrer, a mão direita morrerá com ele e está tentando chegar ao telhado do hospital para se suicidar, quando, na metade do caminho, ele vê uma arvore repleta de mãos decepadas. Após muito esforço ele consegue chegar ao telhado e fingindo ser a mão-direita-messias falando através dele, pula para o chão do alto do prédio, levando consigo todas as mãos amputadas. Ao contrário da “Coisa” / “Mãozinha” da Família Addams, cujo topo é liso e rosado, essas mãos apresentam o resto do osso e carne na qual eram ligadas, o que torna tudo ainda mais nauseante.
A revolução das mãos acabou, mas a história termina com… A revolução dos narizes. Para quem já leu algo do Barker, sabe que é o rei das bizarrices, dando mente pensante a parte do corpo, objetos e por ai vai.
“Livre…!”
De volta a tenda de Quicksilver, o batedor de carteiras está se preparando para ir embora, quando o colecionador aperta sua mão antes que saia. E então as mãos do ladrão o fazem tentar furtar a carteira de um policial, o que resulta em sua prisão imediata.
O único problema que eu tive ao ver o filme foram as legendas que foram feitas no Google translator, o que dificultou a compreensão, apesar de eu entender inglês, ler as frases erradas dá um belo nó no cérebro. Espero que quando você for assistir, encontre uma versão com legendas em melhores condições.
Sobre a interpretação de Loyd, é preciso fizar esse jeito peculiar de incorporar um personagem e é possível ver um pouco do Dr. Brown e de Fester Addams em Quicksilver, que é meio perturbador e desconfortável de se assistir, mas ao mesmo tempo, tem um quê de sedução bizarra. Esse filme lembra duas séries de terror antigas “contos da cripta” e “contos da escuridão”, em que pessoas ditas comuns têm contato com situações bizarras e assustadoras as quais mudarão suas vidas por completo. Pois no caso da noiva, deduzimos que a dentadura a livrou de algo ruim e no do batedor de carteiras, que ele irá aprender a lição na amarra.
Curiosidades sobre o filme, o autor do conto “A revolução das mãos”, Clive Barker, faz uma ponta na história como o anestesista da cena de cirurgia e este filme já tem 18 anos de lançamento e continua perturbador.
Eu o indico para os fãs daquelas séries clássicas de terror que se apóiam no mote “aqui se faz, aqui se paga”, e não são poucas. Não é um filme para quem se assusta com facilidade, eu o classificaria no intermediário do terror.
“Todas as histórias tem de ter uma moral? São apenas histórias, para passar o tempo, a interpretação delas, cabe apenas a você.”

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 filmes sobre BDSM que realmente valem a pena assistir

Aluno inteligente X O Aprendiz (Conto x Filme)