31 dias de Halloween - dia 17 - Christine, o carro assassino

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Mais um daqueles clássicos da sessão da tarde do SBT. Lembro que quando era criança, assisti Christine pelo menos umas seis vezes num só ano. Bons tempos aqueles em que os filmes de terror não-visceral eram exibidos durante a tarde. Eu sempre tive fissura por esse Plymouth Fury 1957 e o sentimento dobrou depois que eu li o livro. Ah, você não sabe? Christine é um romance de… Vou te dar uma chance de adivinhar… Stephen King! Sim, é uma dobradinha do mestre do terror no desafio! E vale frisar aqui que esse filme foi dirigido por John Carpenter, que ficou mais conhecido pelos dois primeiros filmes da franquia Halloween.

A criatividade dessa adaptação já começa nos créditos, enquanto o som de um motor de carro ronrona ao fundo, os nomes parecem tremer na tela, como se fossem passageiros do veículo. E então o filme começa com uma musiquinha chamada “Bad to the bone” enquanto a câmera mostra a linha de montagem de uma série de Plymouths dos quais, Christine é o único vermelho. O lugar é Detroid e o ano… 1957.
Demora um pouco para ela entrar em cena (e sim, vou me referir muitas vezes ao carro como uma garota, por que Christine é muito sensível, compreende?), mas quando o faz já sai arrancando sangue. Um dos supervisores da linha de montagem abre o capô para conferir o trabalho e assim que se distrai ao apoiar a mão no motor, ela abaixa a tampa, dando uma generosa “mordida” em pelo menos quatro dedos dele. Ela sentiu o gosto de sangue e achou delicioso. Logo em seguida outro funcionário entra no Plymouth, ele está fumando um charuto e derruba um toco de cinza no banco, que ainda está recoberto com plástico, mas isso é o suficiente para que Christine faça sua primeira vitima fatal. Ela mata o funcionário sufocado, não permitindo que ele saia ou abra as janelas.
Passam-se então 21 anos desde os ocorridos na linha de montagem. Estamos em Rockbridge, Califórnia e é onde conhecemos os amigos Arnie e Dennis. O primeiro é um nerd desastrado que usa óculos de grau enormes e o segundo é o típico atleta do colegial. Dennis tem um carro, Arnie não. Por fim, somos apresentados a garota que era para ser o amor de Arnie, Leigh. Eu disse Era.
E então após um dia difícil no colégio, sofrendo bullying de um bando de valentões, enquanto Dennis leva o amigo para casa, Arnie pede para que ele pare em uma casa. E quem está no quintal? Christine, bastante depredada e nada parecida com a do começo do filme, mas ainda assim foi amor a primeira vista. Um garoto e seu carro (garota). Eles conhecem o atual dono, Lebay, o qual fala que o veiculo se chama Christine, sempre se referindo ao objeto no feminino. O homem pede US$250,00 pela “sucata” (como Dennis a chama) e frisa que não há devolução, pois mudará logo. Mal Arnie leva o carro para casa as discussões com a mãe começam. E se você trocar a frase “você não vai trazer esse carro aqui” por “não quero que namore essa garota” temos o clássico caso dos pais contra o novo relacionamento do filho.
Nas cenas seguintes, conforme Christine vai retomando a forma original, Arnie passa a ter mudanças drásticas de personalidade, deixando de ser um rapaz gentil e educado e se tornando um rebelde agressivo. Ao mesmo tempo em que Dennis vai atrás de Lebay, em busca de informações sobre Christine. O homem conta que seu irmão morreu dentro dela, asfixiado. Assim como a esposa e a filhinha de cinco anos. Também diz que antes do irmão morrer, fez com que vendesse o carro “mas ela voltou para casa três dias depois”.
Em seguida Dennis vai a garagem faça você mesmo, onde Arnie tem reformado Christine. Ele tenta abrir a porta do Plymouth, mas parece estar trancada. Ao dar um murro na maçaneta, o rádio liga e a musica diz “you keeping knocking, but you can’t come in” (Você fica batendo, mas não pode entrar), e aqui fica claro como ela se comunica. Através de musicas dos anos 60. Quando ele sai fugindo da oficina, o radio para, da mesma forma que ligou. Do nada.
Arnie leva aproximadamente um mês para fazer toda a restauração de Christine. Ele a leva até o jogo de futebol da escola, do qual Dennis participa do time. Ao ver o amigo beijando uma garota, que parece ser Leigh, o jogador tropeça de mau jeito e enquanto os adversários pulam sobre ele, alguma coisa se quebra. Ele é internado e informam que nunca mais poderá jogar futebol americano.
Mais tarde, Leigh e Arnie estão em um cinema drive-in, e então Leigh resolve sair do carro, na chuva. Quando o namorado pergunta o motivo ela diz que odeia Christine. Após conversarem, eles retornam para o veiculo e enquanto ela come um sanduíche, Christine tenta fazer sua primeira vitima. Ela faz com que o limpador de vidro pare, obrigando Arnie a sair, ao mesmo tempo em que liga o rádio e com seus poderes diabólicos, faz com que Leigh engasgue com um pedaço do lanche. Assim como aconteceu com a filhinha do antigo dono.
Para completar, Christine tranca as travas das portas por dentro. Ninguém ficaria entre Arnie e ela. Christine sempre cuida para dar fim a concorrência. No desespero de sair, Leigh consegue erguer um dos pinos da trava e um homem que estava em um carro ao lado a segura e aplica a manobra Heimlich (aquela de apertar o peito da pessoa para que cuspa o que está engasgado).
Mas as coisas começam a esquentar mesmo depois que ela faz sua primeira vitima fatal. E isso acontece quando aqueles garotos que atacaram Arnie no começo do filme resolvem atacar Christine na oficina onde o rapaz a deixa durante a noite. Durante o ataque coletivo ela tenta chamar por socorro ligando o rádio com a mesma musica que tocou quando Dennis tentou invadi-la. Mas esses agressores não têm medo e continuam depredando-a sem dó. Cada um trás uma marreta e acertam golpes por toda a lataria, além de facadas no estofado e pneus. No dia seguinte, quando Arnie e Leigh chegam a oficina, Christine está aos pedaços. Arnie então começa a culpar todos que tinham “motivos contra Christine”.
A sequência em que Christine se reconstrói diante dos olhos de Arnie é uma das cenas mais interessantes do filme, levando em consideração a época em que foi feito e com quais recursos, é muito bem feita. O resto do filme é, respectivamente, a perseguição de Christine aos seus agressores e então, a tentativa desesperada de Leigh e Dennis de salvarem Arnie e destruírem o Plymouth.
Esta foi a primeira história de Stephen King em que um objeto inanimado é dotado de vida e pensamento próprio (existe O Iluminado, mas é outra história). Se Christine fosse humana, ela seria uma “Garota má do colégio”. Cruel, ciumenta, possessiva e muito vingativa e as sequências de perseguição e morte são incríveis. Enfim, esse aqui é um filme nível básico-médio, dá um pouquinho de medo em quem não tem costume de ver filmes de terror, mas é mais divertido pelo fato de Christine ser tratada boa parte do tempo como uma personagem humana.
“Eu sempre pensei que meninas tinham ciúmes de outras meninas. / Este carro é uma menina.”

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