31 dias de Halloween - dia 29 - IT, obra-prima do medo

image




Para aqueles que têm pavor crônico de palhaços (Coulrofobia, como é chamado) esta review não é para vocês! Dado este aviso, vamos ao filme de hoje, que na verdade é uma minissérie de três horas baseada no incrível livro homônimo de quem? Claro, Stephen King!

Como começar a falar desse filme que eu já vi inúmeras vezes e considero lhamas! Ele não tem o atrativo dos efeitos especiais modernos, já que foi produzido em 1990, mas o jogo de câmeras, os atores, a maquiagem, os efeitos especiais utilizados e é claro, Tim Curry no papel principal como Pennywise dão o toque macabro perfeito. (no livro o nome do palhaço ficou Parcimonioso, mas eu vou usar Pennywise na review porque é como o personagem é mais conhecido entre os fãs).
Mas vamos ao que interessa. O filme. Tanto o livro quanto o filme tem aquele quê nostálgico de infância perfeita com amigos e brincadeiras e fortes na arvore, mas com um diferencial, existe uma criatura metamórfica solta pela cidade de Derry que acorda a cada 30 anos, faminta por carne humana e suas presas preferidas são crianças pequenas e desavisadas.
A pequena Laurie Ann pedala em seu triciclo enquanto canta “a dona aranha subiu pela parede”. Sua mãe diz para que entre, pois vai começar a chover. Enquanto ela recolhe uma boneca do chão, ouve um riso alto. E então aparece o palhaço no meio dos lençóis que secam no varal. Ele diz olá, a criança sorri. Na imagem seguinte ele não parece tão feliz, a câmera mostra que ele avança para Laurie Ann e então tudo fica escuro. A menina foi parcialmente devorada. Ela é a sexta vitima naquele ano.

image


A coisa toda fica ainda mais estranha quando o bibliotecário da cidade, Mike Hanlan, encontra uma foto antiga caída perto da cena do crime. A foto do irmão caçula de um amigo de infância. Ele então contata os antigos amigos, pois algo que deveria estar morto despertou outra vez. Conforme ele liga para cada um deles, lembranças da ultima vez que o clube dos perdedores enfrentou a Coisa voltam a tona.
Após receber o telefonema de Mike, Bill Denbrough, agora um famoso escritor de novelas policiais, é acometido por um flashback do dia em que seu irmão caçula, Georgie, foi brutalmente assassinado. Está chovendo muito, mas ainda assim o garoto quer brincar com seu barquinho de papel na água que corre até o bueiro. O resto a partir de quando o menino se tornou uma das sequências de terror mais conhecidas pela internet.
Tudo vai bem, até que o barquinho cai no bueiro. Quando Georgie está para desistir, pois perdeu seu brinquedo, uma voz masculina o cumprimenta e pergunta se ele não vai dizer olá? Agora imagine a falta de lógica um palhaço saindo de um bueiro. Mas para uma criança, lógica não é algo necessário. Pennywise se apresenta e promete todo tipo de doces e brincadeiras caso o menino enfie o braço no bueiro, para recuperar seu barquinho de papel. Ele também oferece um balão. O que se segue é o ataque da criatura, que arranca os dois braços do menino. Ele morre por perda de sangue.
Para terminar esta lembrança perturbada, Bill pega um álbum de fotos e enquanto olha uma do irmão, se culpando e lamentando por ter dado o barco de papel ao menino, ela pisca para ele e ao atirar o álbum longe, ele abre sozinho novamente na foto de Georgie e começa a sangrar. Ao gritar por socorro os pais aparecem, mas eles não vêem o sangue.

image


Mike liga então para os outros integrantes do que eles chamam de “o clube dos perdedores”. Ben, Eddie, Richie, Stan e Bev. Cada um, ao falar com o bibliotecário, tem aflorada uma lembrança incomoda relacionada a Coisa. Eu não vou falar de todos, porque quero que essa review seja breve, mas quero falar de Bev. Ela é uma das minhas personagens preferidas.
Ela está vivendo um relacionamento abusivo, uma extensão do que passou com seu pai durante a infância. O pai batia nela e o atual companheiro faz o mesmo. Mas após ela receber a ligação de Mike algo parece começar a funcionar dentro dela e podemos ver a reação de uma vitima que sofreu anos de abuso, revidando o agressor e finalmente tomando as rédeas da própria vida. Mas o que eu quero falar é sobre quando ela ainda era criança, após conhecer os outros “perdedores”, quando estava de volta em casa e penteava o cabelo antes de dormir, ela ouve uma voz de criança pedindo socorro dentro da pia. A voz se apresenta como sendo todas as crianças desaparecidas nos últimos meses.
Por fim um balão vermelho sob pelo ralo da pia e explode em uma poça de sangue que suja o banheiro todo. O pior é quando ela chama o pai, e assim como os pais de Bill, ele não vê a poça imensa de sangue que cobre toda a pia e parte do chão. O desespero e o pavor dela ao pensar que está enlouquecendo são dignos de pena. E assim que o homem sai do banheiro, a voz do palhaço sai da poça de sangue diz “Diga alô aos seus amiguinhos, Beverly”. Essa é, em minha opinião, uma das cenas mais incomodas de IT.
A primeira parte do filme se resume em como cada um dos sete integrantes do grupo, teve seu primeiro contato com A Coisa e como eles de alguma forma conseguiram escapar. Quando eram crianças e acreditaram ter derrotado a criatura para sempre, fizeram um pacto de que se um dia ela voltasse a atacar a cidade, eles retornariam. E isso aconteceu 30 e poucos anos depois.

image


É preciso frisar que nem todos os integrantes do grupo de, na época crianças, que juraram derrotar a Coisa tiveram coragem e nervos para retornar a Derry. Stan Uris, que no dia do enfrentamento dos garotos à Coisa, foi quase devorado pela criatura, se suicida cortando os pulsos na banheira e antes de morrer, escreve uma única palavra com sangue. IT (que aqui ficou como A COISA). Está é a cena final da parte 1.
A parte 2 começa com Bill chegando a Derry. Ele vai visitar o tumulo do irmão e lá Pennywise faz uma breve aparição. O palhaço está cavando uma cova no cemitério e diz a Bill “Escolha uma, exceto a última, já está ocupada”. Ele está se referindo a Stan Uris. E durante a segunda parte fica ainda mais claro que essa criatura é onisciente e onipresente, está em todo lugar e sabe de tudo com antecedência.
Mas ainda assim ele é vulnerável contra improvisação, como por exemplo, quando um dos meninos espirra o conteúdo da bombinha contra asma e diz ser ácido de bateria ou quando outro começa a recitar nomes de pássaros como se fosse um mantra protetor. Ou seja, durante o filme podemos notar que a maior fraqueza da Coisa é a crença de que algo é real, nocivo ou efetivo contra ela.

image


Durante um bom pedaço da segunda parte Pennywise faz uma série de ameaças indiretas aos seis. Ele não os confronta cara a cara, não quando estão todos juntos, porque isso é arriscado para ele. Já que fica claro o poder que a amizade e a união tem na luta contra a criatura.
Quando Richie chega a cidade, a Coisa dá a ele as “boas-vindas” que consiste em uma chuva de balões multicoloridos dentro da biblioteca, os quais, ao entrarem em contato com as pessoas no prédio, explodem em sangue. Mas como foi na infância continua sendo agora e ninguém além de Richie vê. E apesar da parte mórbida, essa é a sequência de cenas que mais me faz rir no filme todo, especialmente por conta de duas piadas que o palhaço conta em auto e bom som. Só assistindo pra entender.
Entenda, Pennywise é um vilão carismático e divertido, isso é, se você não tem medo de palhaços. Ele está no meu top 5 de personagens criados pelo Stephen King e a forma como intimida cada um dos sete individualmente, focando nos maiores medos que eles tinham quando criança e tem agora adultos, é um detalhe a mais que o torna interessante.

image


Eu não posso falar com base no livro, porque ainda não terminei de ler, mas acho essa aqui uma boa adaptação. Ela é coerente, organizada, assustadora – ao seu modo – e ressalta coisas simples como o poder da amizade e em como sua mente pode te dar a munição correta para enfrentar monstros, reais ou imaginários. Além, é claro, de ter Tim Curry no papel principal.
A COISA é um filme sobre amizade, superação de medos e crescer tendo confiança, além é claro, de lutar com uma criatura metamórfica mais antiga que o próprio tempo, que não mede esforços para atrair possíveis vítimas para fazer de alimento. Também é um filme que brinca bastante com a mente das personagens, causando um terror psicológico e paranóico bastante real, inserindo pequenas lembranças perturbadoras nas mentes de cada um.  
Eu sei que comparado com outros filmes do desafio, esse aqui é até leve no quesito horror visual, eu digo, ele abusa do sangue, o troço brota dos ralos, xícaras de chá, balões, mas quase não tem as famosas cenas viscerais comuns em filmes de terror. Mas, para aqueles que têm medo crônico de palhaços, o filme é um pesadelo, pelo fato da criatura aparecer nesta forma à maior parte do tempo. Lembrando que ele se transforma inicialmente em um palhaço, para atrair as crianças e então, naquilo que te dá mais pavor, pois, antes de se alimentar da vitima, imprimir medo nela “as tornam mais saborosas”. Palavras da criatura.

image


E só para finalizar esta review, a qual eu tive de cortar muita coisa pra caber no padrão que eu estabeleci para todas as anteriores, quero falar da minha cena preferida de todo o filme, sem spoilers. Ela não é o confronto final entre o grupo de amigos e a criatura monstruosa, apesar de esta também ser uma ótima seqüência. Mas, fora as cenas em que o Pennywise aparece, uma das minhas favoritas é a que compõe os últimos cinco minutos da ultima parte. Só posso dizer que é uma cena que sempre me faz sorrir de forma boba e ver que apesar de tudo, deve-se ter sempre esperança.
Curiosidades sobre o filme:
- Durante as filmagens, ninguém chegava perto de Tim Curry quando ele estava vestido de Pennywise. Diziam que ele era assustador demais.
- Até hoje existem especulações que comparam Pennywise ao assassino em série Gacy, que também se vestia de palhaço para raptar suas vitimas. Mas não há uma comprovação concreta.
- O ator Jonathan Brandis, que interpretava o menino Billy, se suicidou em 2003. Tinha 27 anos. 
- King chegou à conclusão de que sua história somente poderia se adaptar dignamente para a televisão, dividida em dois capítulos de 100 minutos cada um. A adaptação foi realizada em 1990, quatro anos depois da publicação da série, pelo diretor Tommy Lee Wallace, um discípulo de John Carpenter.

“Eles flutuam, eles todos flutuam. E quando você estiver aqui embaixo comigo, você vai flutuar também!”

 Você pode baixar o filme [torrent] aqui:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 filmes sobre BDSM que realmente valem a pena assistir

Aluno inteligente X O Aprendiz (Conto x Filme)